22/08/2023
Paraná Segurança

Armas apreendidas no ataque a Guarapuava passarão por investigação especial

Análise rastreia armas e munições para saber se existe correlação com outros crimes. Polícia descobriu conexão em dois crimes em Curitiba

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Conforme as informações, a análise rastreia armas e munições para saber se existe correlação com outros crimes. Polícia descobriu conexão em dois crimes em Curitiba (Foto: Polícia Científica do Paraná)

As armas apreendidas pelas forças de segurança no ataque a Guarapuava no dia 17 de abril, estão sendo periciadas minuciosamente  pela Polícia Científica. As análises serão encaminhadas para o Sistema Nacional de Análise Balística (SINAB). O Paraná é o primeiro estado do Brasil a auxiliar investigações criminais a partir do “DNA das armas”.

No caso de Guarapuava, os bandidos usaram armas de grosso calibre, entre elas .50 BMG, de uso exclusivo das Forças Armadas. Esta é a primeira vez que peritos criminais do Paraná fazem a coleta e a análise científica dos projéteis deste calibre.

Por meio da análise que rastreia munições e a correlação com outros casos para saber se a arma acabou utilizada em outros crimes, a polícia já descobriu a conexão em dois crimes ocorridos em Curitiba.

SINAB

De acordo com a Agência Estadual de Notícias, o SINAB permite que peritos cadastrem os elementos de munição (estojos e projéteis) relacionados a crimes para formação do Banco Nacional de Perfis Balísticos (BNPB). Assim sendo, o modelo automatizado ajuda a rastrear munições e as correlações com outros casos. Isso porque os equipamentos produzem imagem de alta definição de projéteis e estojos encontrados em locais de crime e vão auxiliar, cada vez mais, a análise manual dos peritos.

Desse modo, a lógica é similar ao Banco Nacional de Perfis Genéticos. O programa utilizado pelo Paraná é usado em outros quatro estados (Espírito Santo, Goiás, Pará e Pernambuco) e no Distrito Federal. Contudo, apenas a Polícia Científica paranaense conseguiu resultados concretos.

Conforme as informações, cerca de 77% dos crimes cometidos nas grandes capitais estão relacionados ao tráfico de drogas, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública e pesquisas como o Atlas da Violência, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Por isso, a investigação policial muitas vezes fica refém da prova testemunhal para o indiciamento de um suspeito. Agora, com o novo sistema, será possível apresentar provas materiais, periciadas e irrefutáveis, que colaboram para a decisão judicial dos casos.

CASOS PARANÁ

As munições e armas identificadas pela Polícia Científica do Paraná nos dois casos, estiveram presentes em crimes que tiveram bastante repercussão. Assim, peritos especializados em confronto balístico identificaram a materialidade do crime a partir das armas usadas nas cenas, o que, consequentemente, facilitou a investigação criminal.

De acordo com a polícia, um dos casos está relacionado a uma chacina, ocorrida em fevereiro deste ano, no bairro Portão, na Capital. Sete pessoas estavam dentro de um carro e acabaram baleadas. Câmeras de segurança da Região capturaram toda a ação. Por fim, a execução terminou com a morte de dois adultos e duas crianças. Cinco pessoas acabaram presas relacionados ao caso na ocasião. O material coletado foi periciado e cadastrado no SINAB.

Assim, a arma utilizada neste crime apareceu um dia depois, durante uma perseguição da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Santa Catarina em um caso distinto. Um menor acabou apreendido e um homem escapou na ocasião. Porém, ambos foram detidos na sequência após a emissão de mandados de prisão. A análise balística corroborou a participação deles. Além deste caso, foi possível identificar que essa mesma arma também estava presente em outro homicídio, em setembro de 2021, na Vila Torres.

O outro caso que teve identificação positiva entre a arma e os elementos da munição aconteceu em março de 2021. O caso está relacionado com a execução de um homem em uma academia no bairro Boqueirão, em Curitiba. Graças ao sistema e ao trabalho dos peritos foi possível identificar qual arma foi usada na execução. Por fim, a Polícia Civil continua investigando esse crime. Uma pessoa já foi presa.

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Gilson Boschiero

Jornalista

Possui graduação em Jornalismo, pela Universidade Metodista de Piracicaba (1996). Mestre em Geografia pela Unicentro/PR. Tem experiência de 28 anos na área de Comunicação, com ênfase em telejornalismo e edição. Foi repórter, editor e apresentador de telejornais da TV Cultura, CNT, TV Gazeta/SP, SBT/SP, BandNews, Rede Amazônica, TV Diário, TV Vanguarda e RPC. De 2015 a 2018 foi professor colaborador do Departamento de Comunicação Social da Unicentro - Universidade do Centro-Oeste do Paraná. Em fevereiro de 2019, passou a ser o editor chefe do Portal RSN.

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