22/08/2023
Agronegócio

Embargo russo à importação de carne brasileira preocupa governo

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O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, disse nesta sexta-feira (3) que recebeu com surpresa e preocupação a decisão da Rússia de suspender as importações de carnes de três estados brasileiros, entre eles o Paraná. Segundo Ortigara, a medida terá um impacto econômico importante na economia paranaense. As vendas de carnes do Estado para o mercado russo superam US$ 100 milhões por ano.

O secretário frisou que ficou surpreso porque o Paraná não teve qualquer sinalização relacionada a problemas sanitários nas exportações de seus produtos. “Parece mais uma medida comercial, de negociações internacionais, do que sanitária”, disse. “Não temos ciência e nem fomos notificados do motivo pelo qual a Rússia tomou essa posição”, afirmou.

De acordo com a Agência Estadual de Noticias ((AEN), na Secretaria da Agricultura e do Abastecimento a maior preocupação é com relação às exportações de carne suína, cujo impacto econômico sobre o produtor e indústrias locais é mais sério do que nos segmentos de carne de frango e bovina, também setores importantes no Paraná.

Ortigara atribui a medida do governo russo à necessidade de fortalecimento da presença de “grandes jogadores do mundo” no comércio mundial. “A Rússia frequentemente adota essa posição quando quer retornar à mesa de negociação das exportações”, disse. O secretário reforçou que acredita na capacidade de ação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para reverter essa decisão ou então buscar novos mercados para compensar a possível falta de exportação de carnes para o mercado russo: “Acredito que o governo federal, a quem compete a negociação da participação do Brasil nos mercados mundiais, especialmente de carnes, pode superar essa dificuldade”.

Segundo a AEN, o secretário reconheceu que essa situação sempre causa tensão, especialmente agora que o Paraná e o Brasil estão vivendo um bom momento da economia, da produção de todos os tipos de carnes e também de preços remuneradores aos produtores. “Acreditamos no poder de negociação do Brasil, que hoje é um grande exportador, competidor e negociador em todos os tipos de carnes. Por isso não devia merecer esse tipo de medida”, afirmou.

O embargo trará impactos para o consumidor brasileiro, diz o secretário. “É claro que um estresse no comércio internacional represa e retém mais carnes aqui dentro. Quando isso acontece, cai o preço ao produtor. Essa é a nossa preocupação porque insumos como a soja e o milho estão mais caros”, afirmou.

TRANQUILIDADE

O secretário recomendou tranquilidade aos produtores paranaenses e empresas exportadoras, enquanto aguardam a ação do governo brasileiro para retomar o mercado russo. Segundo ele, na próxima segunda-feira, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, estabelecerá critérios de negociação com a Rússia. “Há quem diga que a questão está ligada ao comércio internacional de trigo, porque a Rússia tem a pretensão de nos exportar maiores quantidades de trigo, substituindo em parte o fornecimento do grão pela Argentina e outros mercados”, afirmou.

Ortigara disse que o Estado está se preparando para alcançar uma condição sanitária ainda mais adequada do que a atual: “O governo do Estado está investindo nessa direção porque entende que a sua agricultura e pecuária são prioritárias para a economia e que os produtos paranaenses devem ter acesso a todos os mercados, mesmo aqueles mais restritivos quanto à condição sanitária”.

Segundo Ortigara, o governo do Paraná está perseguindo com firmeza o objetivo de superar a questão da febre aftosa para conseguir exportar especialmente as carnes suínas e bovinas para todos os mercados do mundo. “Estamos nesse momento propondo à Assembleia Legislativa a criação de uma Agência de Defesa Agropecuária. Trata-se de um reposicionamento do serviço público para aumentar a eficiência na prevenção, controle e erradicação das doenças e pragas no Paraná”, disse.

Ortigara insistiu que a unia restrição é o resquício da febre aftosa. O Estado é reconhecido internacionalmente como livre da doença, mas com vacinação. “De nossa parte não existe nenhuma restrição sanitária à exportação e no curto prazo essa situação será resolvida”.

 

Foto: José Adair Gomercindo (SCS)

Cristina Esteche

Jornalista

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