22/08/2023
Cotidiano

Aumentam pedidos de seguro-desemprego

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Guarapuava – O ano de 2008 acabou e deixou de herança para o novo período uma palavra pequena no tamanho, mas grande no significado. A tão comentada crise mundial e suas conseqüências negativas, como o desemprego, estão mesmo atingindo o setor industrial. Assim como o Paraná, que registrou um aumento de 33% nos pedidos de seguro-desemprego só este mês, devido à queda de produção no setor automotivo, Guarapuava também apresenta o maior número de requerimentos dos últimos cinco anos.
De acordo com dados da Agência do Trabalhador de Guarapuava, que também atende municípios da região, em 2008 foram formalizados 8779 pedidos de seguro-desemprego, 1336 a mais que em 2007 e 523 a mais que 2006. Segundo o chefe da agência, Rodrigo Martins Padilha, um dos fatores é o setor da indústria, que apresentou muitas demissões. “Só nos meses de novembro e dezembro de 2008 uma indústria madeireira da cidade demitiu 352 funcionários. Eu estou para fechar o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e fazer um balanço comparativo, mas com certeza esse setor vai fechar o ano negativo, pois até novembro os números mostravam 300% negativo, algo difícil de recuperar”, comenta.
Antonio Silvério veio de Candói dar entrada no seu seguro-desemprego. Ele trabalhava num laticínio e acabou sendo demitido no começo deste ano. “Não sei o que vou fazer, pois está cada vez mais difícil conseguir emprego, principalmente para quem não tem formação”, observa.
O seguro-desemprego serve como auxílio financeiro para que, durante o período de desemprego, o trabalhador tenha condições de procurar um novo emprego, ou ainda venha a qualificar-se frente às exigências do mercado de trabalho. O benefício dura de três a cinco meses, com valor que varia de R$ 415 a R$ 776. “O trabalhador precisa aplicar o seguro-desemprego no seu devido fim, que é investir em cursos de qualificação e formação pessoal. Hoje, muitas pessoas que pegam o benefício investem em bens materiais e só se preocupam com outro emprego na última parcela, quando já descansaram bastante”, aponta Padilha.
A falta de qualificação continua sendo um dos entraves para a colocação no mercado de trabalho. Das 4166 vagas que surgiram no ano passado, apenas 2684 foram preenchidas. “Falta formação, mas as críticas sempre recaem para o governo que não oferece cursos e empregos. Mas se o trabalhador pegar uma porcentagem do seu seguro-desemprego, dá para investir em um curso”, diz.
Para José Antonio Custódio, o maior desejo para este ano é conseguir um emprego com carteira assinada. “Eu estava trabalhando por dia e assim é complicado, pois tenho família para sustentar. Conseguir emprego aqui está complicado, pois exigem muitos requisitos para a vaga e não dão oportunidade”, desabafa.
O chefe da Agência do Trabalhador acredita que, para solucionar o problema da falta de qualificação, é preciso que as classes empresarial e industrial também participem do processo, já que os recursos governamentais estão cada vez mais escassos.

Cristina Esteche

Jornalista

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