No último dia 3 de março, os acadêmicos de medicina da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) divulgaram uma carta aberta à comunidade. No documento, os alunos afirmam que as atividades práticas do curso sofreram prejuízos sob justificativa de “entraves em contratos e no estabelecimento de convênios para campos de atuação dos estudantes”.
Por isso, o Portal RSN conversou nesta segunda (6) com o reitor da Unicentro, o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti), Aldo Nelson Bona, e o prefeito de Guarapuava, Celso Góes, sobre as demandas dos acadêmicos. Eles afirmaram que os problemas estão sendo resolvidos.
De acordo com o professor Aldo Nelson Bona, secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti), a Secretaria já acompanha há algum tempo a situação e disse que a angústia dos estudantes é legítima. “Eles estão finalizando o quarto ano, entrando no quinto ano que é o período do internato”.
Para ele, há duas preocupações. A primeira em relação aos espaços para os alunos fazerem as atividades práticas. Em seguida, a preocupação com a constituição do corpo docente do curso, com professores efetivos. “O curso tem um corpo docente de qualidade, mas o vínculo desses professores é temporário”.
Sobre essa segunda demanda, Bona explica que já houve concurso público para a contratação dos professores, mas que eles não foram chamados porque o processo terminou durante o período eleitoral. “O Governo não pode nomear no período de três meses antes e três meses após as eleições”. Dessa forma, ele explica que houve a necessidade de refazer as documentações neste ano, mas que, possivelmente, as nomeações ocorrem ainda em março.
ATIVIDADES PRÁTICAS
Outra demanda dos acadêmicos se relaciona aos espaços para fazerem as atividades práticas. Um deles, o Centro de Simulação do Departamento de Medicina (Cemed), teve atendimento interrompido, conforme os estudantes. Dessa forma, o retorno das atividades dependeria da assinatura do convênio por parte da Prefeitura de Guarapuava.
De acordo com o professor Fabio Hernandes, reitor da Unicentro, o convênio encontrava-se em tramitação tanto na Unicentro, quanto na Prefeitura. “Acreditamos que, por esses dias, a prefeitura deva assinar ‘pra’ gente retomar as ações no Ambulatório da universidade.”
Já o prefeito de Guarapuava, Celso Góes, disse que foi “pego de surpresa” com o teor da carta. Além disso, afirmou que, ao ler, não entendeu “o que a prefeitura de Guarapuava tinha a ver com a administração do curso de medicina” no município.
Entretanto, os acadêmicos afirmam que o convênio com Ambulatório Médico de Especialidades (Ame) “tem se arrastado sem respostas satisfatórias dos órgãos superiores”. O Ame é de responsabilidade do Consórcio Intergestores de Saúde da 5ª Região de Saúde do Paraná (Cis 5ªRS), do qual Celso Góes é presidente.
Sobre essa demanda, o prefeito afirmou que o trabalho foi iniciado há pouco tempo, “30 dias aproximadamente”. Portanto, “todos os trâmites” estariam “andando normalmente”. “É um trâmite normal, de burocracia normal, que já estão todos praticamente assinados”.
“Eu [prefeito] até não entendi o que estão reivindicando, o que a prefeitura, o que o prefeito Celso Góes tem a ver com isso porque nós estamos em dia com todas as nossas colocações”.
HOSPITAL REGIONAL
O reitor da Unicentro falou ainda sobre as cobranças dos alunos em relação às ações no Hospital Regional de Guarapuava e de outros hospitais que eles possam desenvolver atividades. Conforme o reitor, a Unicentro participou de duas reuniões para discutir o assunto.
“Temos o parecer de que até maio, o nosso Hospital Regional estará com mais leitos abertos”, assim como com outros serviços em funcionamento. Dessa forma, segundo o reitor, é justamente no período em que começam os internatos dos alunos. “Toda essa demanda dos alunos é pra que, a partir de maio, a gente esteja com ações sendo desenvolvidas na sua integralidade”.
A CARTA
O Centro Acadêmico de Medicina Marco Antonio Zago, protocolou a carta ao Conselho Universitário da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) na sexta (3). Conforme o documento publicado no Instagram, os problemas começaram no segundo semestre de 2022.
Hoje, caminhando para o final do calendário letivo do semestre, os alunos permanecem sem suporte para algumas atividades práticas que são de extrema importância para a formação dos acadêmicos e para a saúde pública do município.
De acordo com os acadêmicos, as aulas do 5º ano, período correspondente com o internato seguem “sem um projeto definitivo”, isso porque depende da nomeação de professores pelo Governo do Estado. Desse modo, a ‘Carta aberta à comunidade’ representa os alunos de todos os períodos do curso de Medicina da Unicentro.
A carta na íntegra está disponível no perfil do Instagram do Centro Acadêmico. Já para conferir as entrevistas completas com o secretário, o reitor e o prefeito, basta acessar o Facebook do Portal RSN.
Leia outras notícias no Portal RSN.