O que deveria ser uma pauta para formatar reivindicação para o funcionamento pleno do Hospital Regional, acabou sendo um debate ampliado. O encontro ocorrido na Câmara de Vereadores de Guarapuava nessa quarta (3), e que atraiu lideranças políticas de municípios que compõem a 5ª Regional de Saúde, foi uma vitrine para a fragilidade da saúde pública regional.
No centro das atenções, mais uma vez, a tecla acionada levou ao Hospital Santa Tereza (Instituto Virmond). E desta vez o desabafo não foi apenas de presidentes de Câmaras e de vereadores. Dois médicos subiram à tribuna para relatos emocionados. O atraso no pagamento deles, por exemplo, foi um dos temas expostos.
De acordo com o obstetra Orlando Barreto há um anestesista que está há 22 meses sem receber o salário. No caso dele, o atraso é de seis meses. “Tenho família, compromissos financeiros atrasados, e não tenho mais como me manter no Santa Tereza. Mas estamos dando tudo o que é possível. Já cheguei a ficar 30 dias de plantão”. Para ele, o hospital não está na UTI, usando uma analogia. “O Santa Tereza está morto”.
“NÃO PODEMOS DEIXAR O SANTA TEREZA FECHAR”
Para se ter uma ideia, conforme o médico, num desses dias, ele foi abordado por um funcionário que disse não haver lenha para a caldeira. Mas isso é o mínimo. Faltam medicamentos, insumos e a despensa está praticamente vazia. E essa é uma situação que se arrasta por longos anos. Preocupadas, lideranças clamam por uma atitude do governo do Estado.
Para o presidente da Câmara de Palmital, Antonio Machado, o funcionamento pleno do HR é importante. No entanto, ele pede ajuda para o Santa Tereza. “Não podemos esperar resolver uma situação que pode levar um ano e deixar que o Santa Tereza, que atende nossos municípios, feche as portas”. Há uma preocupação geral também com o ‘estrangulamento’ do São Vicente.
REPASSE NÃO COBRE DESPESA
De acordo com Barreto, a contratualização com o Sistema Único de Saúde (SUS) repassa cerca de R$ 1,4 milhão por mês. No entanto, esse valor não tem repasse integral, porque há pagamentos de multas pelo não cumprimento de normas contratuais, por exemplo. Uma delas, conforme o médico é o não cumprimento das metas dos procedimentos eletivos. Isso ocorre, seja por falta de anestesista, de médico ou outra carência.
De acordo com a explanação, a folha de pagamento entre médicos e servidores fecha o valor da contratualização. Só em medicamentos, a despesa mensal gira torno de R$ 700 mil, fora as demais despesas. “O Hospital não trabalha apenas com médicos, há outras demandas que também dependem de dinheiro”. Conforme a diretoria, o déficit mensal passa de um milhão.
Além da preocupação geral sobre esse cenário, uma indignação ganhou ‘corpo’ nos pronunciamentos. De acordo com as informações, o repasse mensal ao Hospital Regional é de R$ 2,8 milhões. Entretanto, a demanda é pequena. A diretora Rose Rocha, do Santa Tereza, fez um comparativo. “Esses dias tínhamos 37 crianças internadas de toda a Região, enquanto o Hospital Regional tinha apenas oito pacientes lá dentro”.
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