22/08/2023


Cotidiano

Tropeada durou quatro dias

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O município de Reserva do Iguaçu realizou a 10ª Tropeada de Emancipação. A primeira tropeada foi realizada para comemorar o primeiro ano de emancipação política do município em 1997, pelo então prefeito Edison Campos.
Nesse ano, sob o comando do prefeito Sebastião Campos, filho de Edson Campos, o evento reuniu mais de 180 cavaleiros dos municípios de Reserva do Iguaçu, Pinhão, Candói, Manguerinha e Guarapuava.
No dia 15 de janeiro, da comunidade de Santo Antão saíram 15 cavaleiros. A primeira parada foi para o almoço no Paço da Reserva, Santuário de Nossa Senhora Aparecida, onde os tropeiros de Manguerinha se juntaram ao grupo.
Para o pouso na Comunidade de São Sebastião chegaram 47 tropeiros, na manhã seguinte partiram 105 cavaleiros rumo à localidade de Potreirinho. O almoço foi em Nossa Senhora de Fátima e o pouso em Santa Luzia, já com aproximadamente 180 tropeiros.
Em cada parada, mais tropeiros foram se agrupando, e às 12h30min do dia 17, debaixo de muita chuva, chegaram a sede da cidade, onde foram recepcionados no Parque dos Tropeiros.
O caminho percorrido pela tropa a cada ano é invertido. O caminho relembra por onde passavam tropeiros, conduzindo seus animais, levando gado para o norte do estado. Durante esse trajeto, muitos dos costumes tropeiros são retomados e se tornam corriqueiros durante a viagem: a conversa em volta das fogueiras feitas nos pousos, recheadas de “causos caipiras” contados entre uma moda de viola e outra, e a comida típica.
A vestimenta dos tropeiros também é semelhante à usada nos antigos tempos. Os apetrechos de montaria, como arreios, selas, laços, freios e bridões, muitas vezes reproduzem o desenho das antigas tralhas.
Um dos organizadores do evento, Edison Soares, mais conhecido como Neguito, conta que nas comunidades nas quais os tropeiros fizeram as paradas, foram recebidos com festa. “Em cada lugar que ficamos, fomos recebidos com festa, muita animação. A noite houve muita cantoria, e muitos causos”, disse ele.
A tropeada terminou no domingo dia 18, com a chegada dos cavaleiros na Festa de Santo Antão. O prefeito Sebastião Campos explicou que não há uma data fixa para a realização da tropeada. “Fazemos sempre com que o encerramento bata com a data de uma festa no interior do município”, disse ele.
Foram quatro dias no lombo de cavalos e burros, percorrendo cerca de 100 quilômetros por entre estradas e carreiros no meio do mato. Com a participação de homens, mulheres e crianças, demonstrando o interesse em preservar a tradição.
Um dos mais antigos tropeiros da região, João Maria Mendes, 70 anos, relembra com saudades da época do tropeirismo. “É idêntico, relembra muito. Eu me lembro quando íamos levar gado para Entre Rios, levávamos três dias. Nas paradas, na Fazenda São Pedro assávamos a carne em cima das pedras, posávamos no limpo. Normalmente eram grupos de 12 tropeiros que iam se revezando para cuidar do gado”.
Ele conta o episódio que nunca esqueceu. “Eu tinha uns 18 anos, chovia muito e precisávamos atravessar o rio Pinhão, quando o gado começou a passar, a correnteza estava muito forte e levou muitas cabeças de gado rio abaixo, nunca vou esquecer”, disse ele.
João Mendes considera que as tropeadas são importantes para preservar a tradição. “Tenho muita saudade. Por isso gosto de ir às tropeadas e também é importante para não deixar morrer essa tradição”.
Foto: Sebastião Campos Fonte:Fatos do Iguaçu
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Cristina Esteche

Jornalista

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