22/08/2023


Em Alta Região Segurança

Casal de agricultores tem casa incendiada na Fazenda Rodeio

Segundo o MST, o incêndio é um crime em meio a um contexto de conflito que coloca famílias posseiras em risco de despejo

Casal de idosos agricultores tem casa incendiada na Fazenda Rodeio (Foto: Reprodução/Brasil de Fato)

Um casal de agricultores idosos, moradores da Fazenda Rodeio em Reserva do Iguaçu, teve a casa incendiada esta semana. Conforme as informações do da assessoria de imprensa do MST, eles moravam no local havia cerca de 20 anos e perderam todos os bens materiais. A fazenda fica às margens da PR-459 e conforme o MST, trata-se de um crime em contexto de conflito que se agravou nas últimas semanas, em que famílias posseiras estão sob risco de despejo.

Ainda de acordo com a assessoria do MST, os moradores relataram que cercas foram cortadas e que um grupo de homens armados permanece na sede da fazenda. De acordo com a advogada Ana Marcelino, o Desembargador Fernando Antonio dos Prazeres, presidente da Comissão de Soluções Fundiárias, do Tribunal de Justiça do Paraná, e representantes do Incra tentaram uma negociação. Entretanto, herdeiros de Firmino Martins Araújo se negam a negociar com o órgão.

Conforme disse a advogada ao Portal RSN, as famílias conseguiram um mandado de segurança para permanecerem na área até haver uma solução. No entanto, Pedro Carlos dos Santos, uma das lideranças locais, afirmou que disparos de arma de fogo, propriedade queimada e resistência começaram a ocorrer. “Pessoas que se dizem funcionários da empresa, teria que estar na área agricultável, e não andando na caminhonete acompanhado, coibindo as pessoas”.

O CASO

Um impasse fundiário envolve cerca de 70 famílias de agricultores familiares em Reserva do Iguaçu. A área conhecida como Fazenda Rodeio fica às margens da PR-459. De acordo com o presidente da Associação de Moradores do local, José Carlos dos Santos, trata-se do espólio de Firmino Martins Araújo. Entretanto, há 20 anos a área então improdutiva foi ocupada por trabalhadores sem-terra.

No dia 25 de março, apesar de demanda judicial com herdeiros, e ainda em trâmite, as famílias foram surpreendidas. Um oficial de justiça da Comarca de Pinhão, conforme a advogada, chegou com ordem de reintegração de posse. Essa ordem de despejo ocorreu um dia antes do Desembargador Fernando Antonio dos Prazeres, presidente da Comissão de Soluções Fundiárias, do Tribunal de Justiça do Paraná, reunir-se com as famílias.

Assim como Prefeitura diz, o Incra informou em nota enviada ao Portal RSN, que não dispõe de áreas para realocação das famílias que estão acampadas e consolidadas há mais de 20 anos sob o imóvel. A autarquia reitera o interesse em abrir processo administrativo para a compra da fazenda, caso os proprietários desejem ofertar a área.

Conforme a advogada, o ex-proprietário da área deixou um filho, uma ex-esposa e uma companheira com união estável. Recentemente, a justiça reconheceu a separação dele da primeira esposa. Em relação à companheira, que possui um testamento, há supostas irregularidades em assinaturas. “Então não se sabe quem é o dono desse imóvel”, conforme disse Ana Marcelino.

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Antunes

Jornalista

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