O presidente da Câmara Municipal, Pedro Moraes (MDB), está agora no centro de uma questão política crucial com o encaminhamento do projeto de lei complementar nº 18/2024, proposto pelo prefeito Celso Goes (Cidadania). Essa proposta ambiciona extinguir cerca de 60% os cargos comissionados na Prefeitura de Guarapuava. Essa eliminação representa 138 posições e limita o futuro prefeito, Denilson Baitala (PL), a apenas 123 assessores, em contraste com os 261 disponíveis durante a gestão de Celso Góes.
De acordo com Pedro Moraes, o Projeto de Lei já passou pelas comissões do Legislativo Municipal e deverá ir à pauta da Ordem do Dia, nas próximas sessões. “Nesta semana já estamos com matérias para votação”. Transferida para esta quarta (22), a Ordem do Dia de hoje conta com duas matérias, das quais um requerimento. Mas essa drástica redução proposta por Góes traz à tona um dilema significativo.
Embora a proposta possa parecer uma tentativa de enxugar a máquina pública e responder às demandas por economia, ela também coloca Baitala em uma posição difícil. Com menos assessores, o novo prefeito enfrentará limitações severas na capacidade de governar. Situação que pode dificultar a implementação de políticas públicas eficazes e a resposta a necessidades urgentes da população. A questão que se coloca é: é realmente necessário reduzir tantos cargos para garantir eficiência?
Ademais, essa medida pode ser interpretada como um reconhecimento implícito por parte de Celso Goes de que a administração dele estava superdimensionada. Ao fazer essa redução, ele não apenas tenta cortar custos. Mas também cria um ambiente onde pode acusar a nova gestão de não conseguir administrar efetivamente com recursos humanos limitados.
Assim, a narrativa se torna uma arma política: se Baitala não conseguir governar de maneira eficiente, a culpa poderá recair sobre a estrutura reduzida que ele herdou. Em entrevista à uma rádio local, Baitala disse que ficou sabendo do fato, mas que confia nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
DECISÃO NAS MÃOS DA CÂMARA
O poder de decisão, neste caso, está nas mãos da Câmara. Os vereadores enfrentam um desafio complicado. Se aprovarem a proposta, poderão ser vistos como responsáveis por dificultar a nova administração. Um desfecho que Baitala pode usar para minar a credibilidade da Câmara. Por outro lado, se rejeitarem o projeto, estarão em desacordo com o apelo popular por uma gestão mais econômica. O que poderia ser considerado uma ação antipopular.
A economia prevista, gira em torno de R$ 15 milhões por ano, totalizando cerca de R$ 50 milhões ao longo do mandato. Valor esse que pode proporcionar recursos para investimentos em obras públicas. Mas a questão vai além. Essa proposta de redução não é apenas uma questão administrativa. Trata-se de uma peça em um jogo político mais amplo, onde as alianças e os apoios na Câmara podem ser decisivos para o sucesso ou fracasso da nova administração.
A dinâmica política que se desenrola em torno da nova mesa executiva da Câmara e a reação dos vereadores à proposta revelam a complexidade das relações de poder em Guarapuava, destacando como as decisões sobre cargos e estrutura administrativa estão intimamente ligadas às estratégias eleitorais e às alianças políticas em formação.
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