22/08/2023

Cine Irati bate recorde de público

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Por Cristiano Martinez

Na história do cinema, duas diferentes produções conseguiram captar com rara perfeição o espírito daqueles antigos cinemas de rua: “A Última Sessão de Cinema” (1971, dir. Peter Bogdanovich) e “Cinema Paradiso” (1988, dir. Giuseppe Tornatore).

Em ambas, prevalece a imagem da sala de cinema como a alma de uma comunidade. Por menor que fosse a cidade, como é o caso dos locais filmados por Bogdanovich e Tornatore, sempre existia um cinema de rua (aqueles cujas portas estavam sempre abertas para a calçada). Era a única forma de diversão daqueles tempos.

E Irati (a 100 km de Guarapuava) foi uma dessas cidades. Durante seis décadas, o imigrante João Wasilewski manteve em funcionamento o histórico Cine Theatro Central. A sala, que era de madeira no início, marcou época, formando gerações de amantes da Sétima Arte.

Nos anos de 1990, foi a vez de outro entusiasta, o médico Cássio O. Carvalho. Ele retomou a tradição do cinema de rua com a inauguração do Cine Vimark.

Após um período de sucesso, o doutor/projecionista passou o negócio pra frente. Foi aí que entrou a FAU (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Unicentro), que, a partir de 2005, rebatizou a sala como Cine Irati e deu início a um novo ciclo.

Para quem achava que o hábito de assistir filmes havia ficado restrito ao aconchego do lar ou às modernas salas de shopping centers, se enganou. Nos últimos meses, o cinema de Irati registrou boas bilheterias. Produções como “Capitão América: o Primeiro Vingador” (2011) e “Super 8” (2011) têm batido recordes de público.

Segundo a gerente geral do Cine Irati e secretária da FAU, There Trianoski, “Smurfs: o Filme” (2011) teve sessões lotadas, com 645 pessoas durante três finais de semana seguidos. O cinema, que tem capacidade para 130 lugares, precisou estender a temporada do filme até o próximo dia 12.

Ela explica que essa média de público ajuda também no lançamento de novos filmes. “Funciona assim: as distribuidoras priorizam os grandes cinemas, onde o fluxo de pessoas é muito maior. Desse modo, as pequenas cidades só conseguem lançamentos quase três meses depois. Mas, se a bilheteria conseguir média boa de público, podemos reduzir o tempo de espera”.

Para complicar a situação, a despesa com o funcionamento de uma sala de cinema, mesmo sendo pequena, é bastante alta.

“Todo mundo acha que cinema dá dinheiro. Mas, ninguém sabe o que acontece nos bastidores. Às vezes, você precisa suplicar ao distribuidor para ficar com uma cópia. Fora os custos com água, luz, aluguel e salário dos funcionários”, conta There.

Nessa luta diária, a gerente geral destaca o apoio dado pela Prefeitura Municipal de Irati, que ajuda com o valor do aluguel, e o supermercado G Center, que fornece a pipoca.

Ela também esclarece que a FAU não busca fins lucrativos com a sala. O que prevalece, segundo ela, é a política adotada pelo órgão: o incentivo à cultura em todos os seus níveis. Nessa ótica, o Cine Irati representaria a memória cinematográfica de uma cidade como Irati.

NOVIDADES
Agora para o final do ano, quando o calor se torna mais intenso, There antecipa que existe a possibilidade real de instalação de aparelhos de ar condicionado na sala. “O pessoa reclama muito do calor do cinema”.

E assim o Cine Irati mantém viva a chama dos históricos cinemas de rua no interior do Paraná.

Foto: Cristiano Martinez

Cristina Esteche

Jornalista

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