22/08/2023
Em Alta Política Região

Ação denuncia candidato por uso da máquina pública e coerção

Ação aponta uso indevido da AMP, como ⁠coação de servidores, ⁠publicidade institucional e ⁠apoio irregular de agentes públicos em Cruzeiro do Iguaçu

Candidato a vice Alvir Guyss e o candidato a prefeito Jean Cardoso (Foto: reprodução/redes sociais)

No dia 5 de outubro, o Paraná terá três municípios com eleições suplementares para prefeito, sendo Cruzeiro do Iguaçu, no Sudoeste, um deles. No entanto, o pleito nesse município, está sob suspeita. Na última semana, a coligação ‘Família, Saúde, Segurança, Desenvolvimento e Paz ‘ ingressou com uma ‘Ação de Investigação Judicial Eleitoral’ (AIJE) na 115ª Zona Eleitoral de Dois Vizinhos.

A ação, aponta o que descreve como uma ‘orquestração maciça’ de abuso de poder político e econômico. No centro das denúncias encontram-se os candidatos a prefeito Jean Carlos Cardoso e a vice-prefeito Alvir Guyss.

Candidato a vice Alvir Guyss e o candidato a prefeito Jean Cardoso (Foto: reprodução/redes sociais)

O  processo inclui vídeos e registros digitais que, conforme a acusação, demonstram o uso indevido de estruturas públicas e paraestatais, atingindo seis outras figuras, incluindo prefeitos e vereadores. Para a coligação, as provas indicam que o pleito estaria “severamente desequilibrado por ações ilegais”.

O USO DA AMP

A denúncia mais grave, de acordo com a AIJE, refere-se ao suposto uso da estrutura da Associação dos Municípios do Paraná (AMP) para fins eleitorais. O prefeito de Dois Vizinhos, Carlinhos Tutatto, integra a direção da entidade, e Jean Carlos Cardoso atuava, até agosto deste ano, como Coordenador Regional da AMP. Apesar de ter se licenciado do cargo, a coligação sustenta que a saída foi uma “fachada para manter a influência”.

Um episódio de 14 de setembro de 2025 é citado como prova. Um vídeo anexado ao processo mostra o influenciador digital Jairo Ribeiro dos Santos, um militante pró-Jean, utilizando um veículo oficial da AMP, enquanto usava um boton da campanha. A denúncia ressalta que Jairo não possui vínculo funcional com a Associação e, ainda assim, tinha acesso ao gabinete do prefeito interino de Cruzeiro do Iguaçu, Juliano Morelli, utilizando a logística municipal para produzir material eleitoral.

Para a coligação, o uso de patrimônio da AMP, que deve para servir a todos os municípios, em benefício de apenas uma candidatura, configura desvio de finalidade e violação ao princípio da moralidade pública.

A SAÚDE COMO ARMA ELEITORAL

As acusações, entretanto, tornam-se ainda mais graves com o envolvimento direto de agentes públicos de outros municípios. O prefeito de Dois Vizinhos, Luiz Carlos Turatto aparece em vídeo admitindo práticas de abuso de poder. Em um comício, Turatto declarou que a equipe da Upa de Dois Vizinhos estava “à disposição” de Jean Carlos Cardoso, transformando um serviço essencial de saúde em extensão da campanha.

Conforme a AIJE, o prefeito também coagido um servidor da saúde, eleitor de Cruzeiro do Iguaçu, a apoiar o candidato Cardoso, durante o horário de expediente. A denúncia aponta ainda que o Hospital Pró-Vida estaria sendo utilizado de forma coordenada para fins eleitorais, repassando informações sobre pacientes que necessitavam de transporte.

Com isso, Jean Carlos poderia intervir diretamente, conquistando apoio político e votos. Para a coligação, a instrumentalização da saúde pública configura um dos exemplos mais evidentes de abuso de autoridade e de poder político.

PROPAGANDA PROIBIDA E DESVIO DE FINALIDADE

Outro ponto destacado pela AIJE é o suposto uso da máquina administrativa de Cruzeiro do Iguaçu para promoção eleitoral. O prefeito interino Juliano Morelli e os vereadores Cleberson Gonçalves e Matheus Frederico da Silva, conforme a Ação, são acusados de utilizar as redes sociais institucionais para divulgar obras públicas associadas ao ao slogan de campanha de Jean Carlos Cardoso: ‘Mudança de Verdade’.

Conforme a denúncia, essa prática configura violação direta do Artigo 73 da Lei nº 9.504/97, ao desviar a finalidade da comunicação institucional para favorecer um candidato. A acusação sustenta que tal conduta busca trasnsferir, de forma ilegal, a legitimidade das ações de governo para a campanha eleitoral, caracterizando abuso com potencial de anular o resultadodas urnas.

POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS

Diante do conjunto de provas e da gravidade das acusações, a coligação pede a “imediata apuração dos fatos”. Caso a AIJE seja julgada procedente, o candidato Jean Carlos Cardoso pode ter o registro ou diploma cassados. Além dele, todos os envolvidos enfrentam a pena de inelegibilidade por oito anos. O Portal RSN buscou contato com Cardoso e a coordenaçao de campanha, porém, sem êxito.

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Cristina Esteche

Jornalista

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