22/08/2023
Mário Luchetta

A ignorância se materializa na Câmara de Guarapuava, em palavras e votos!

"Três vereadores de Guarapuava se mostraram ignorantes e, mais que isso, desalinhados com um dos princípios da República: o da supremacia sobre o privado"

Mario Luchetta (Foto: divulgação)

Iniciamos este artigo citando o grande filósofo Sócrates: “Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância”. Recorremos a este grande pensador, que viveu no auge da civilização grega, porque trataremos neste texto essencialmente sobre a ignorância. Na última terça-feira, dia 14, seis vereadores de Guarapuava se mostraram ignorantes e, mais que isso, desalinhados com um dos princípios da República: o da supremacia do interesse público sobre o privado.

Vamos lá para um exercício de reflexão, caro (a) leitor (a).

Você acredita que uma instituição que já distribuiu, em apenas uma de suas iniciativas, mais de R$ 8 milhões para inúmeras entidades sociais mereça reconhecimento de uma Câmara de Vereadores? Você acredita que uma instituição que defende a liberdade, a Família, a vida, os valores morais acima de tudo mereça reconhecimento de uma Câmara de Vereadores? Você acredita que uma instituição que forma jovens focando em virtudes e na liderança saudável, com a família como base, mereça reconhecimento de uma Câmara de Vereadores?

Você acredita que um evento estadual com foco na formação de lideranças e na cidadania, que reuniu mais de 1.300 pessoas, em sua maioria absoluta jovens, mereça reconhecimento de uma Câmara de Vereadores? Seis vereadores entenderam que não.

A Câmara de Guarapuava apreciou proposição de Moção de Aplausos aos jovens do Capítulo da Ordem DeMolay Eugênio Mancuello pela realização do Congresso Estadual da Ordem DeMolay em Guarapuava. Foi o maior congresso da instituição na história, que além de gerar impactos positivos nos participantes, também proporcionou benefícios econômicos para Guarapuava. Também foram apreciadas homenagens às Filhas de Jó, uma entidade juvenil focada na formação de meninas, ao Clube de Mães (que atua no suporte aos jovens DeMolays) e às Lojas Maçônicas.

Três vereadores disseram não para estas merecidas homenagens por serem iniciativas ligadas à Maçonaria ou homenagens à própria Maçonaria. A alegação: “minha crença não permite”.

Os vereadores trouxeram para a pauta um aspecto religioso incabível, tendo em vista, especialmente, que a Maçonaria não é uma religião, nem ocupa este espaço. Pura ignorância e medo de se posicionar a favor do que é bom.

Os vereadores que foram contrários às propostas, alegando que a crença deles não permitia, além de demonstrarem ignorância, este mal alertado por Sócrates, demonstraram desalinhamento republicano. A República prevê a supremacia do interesse público sobre o privado, estabelecendo a prevalência do interesse coletivo sobre os interesses particulares, quando há conflito entre eles. Se, por ignorância, os vereadores enxergavam restrições para com a Maçonaria, deveriam ter olhado para o interesse coletivo, de tudo o que a Instituição representa e faz.

É realmente lamentável que ainda tenhamos a materialização da ignorância em espaços que deveriam ser mais qualificados e preparados para o servir a todos.

Este caso serve para provocar reflexões, inclusive nos próprios Maçons, que muitas vezes deixam de ocupar diretamente os espaços políticos, com representações reais e efetivas, se deixando representar por ignorantes ou oportunistas. Vale também pensarmos sobre o quanto a ignorância tem se mostrado presente em espaços importantes de decisão, como é o caso de uma Câmara de Vereadores. Será que devemos aceitar o retrocesso?

Aos Maçons, DeMolays, Filhas de Jó e familiares: o maior reconhecimento que possa existir é o de transformar a vida das pessoas, motivando e inspirando virtudes. E isso vocês fazem. Tenham orgulho de fazerem parte de uma Instituição que tem um legado de realizações históricas e que no presente segue fazendo o futuro que queremos. A ignorância pode até ter voz e voto, mas jamais vai sobrepor a verdade. A Maçonaria é um farol que vai seguir iluminando a Sociedade.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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