22/08/2023
Blog da Cris

Moro chega a Rio Bonito do Iguaçu atrasado e fora de sintonia

Sérgio Moro chega a Rio Bonito do Iguaçu quatro dias após o tornado, vindo de Londres e fora da realidade de quem já trabalha na reconstrução

Sergio Moro (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

Quatro dias depois da destruição em Rio Bonito do Iguaçu, o senador Sérgio Moro chegou, vindo de Londres, onde a tragédia parecia apenas uma manchete distante, ou uma nota de rodapé. Aqui, encontrou um cenário de ruínas e resistência. Famílias inteiras, servidores e voluntários em mutirões de reconstrução, levantando o que o vento derrubou, com esforço e solidariedade.

O governo do Paraná montou no município o ERA (Espaço de Reconstrução Acelerada), sob comando do secretário das Cidades, Guto Silva, que coordena forças estaduais em campo. Ao mesmo tempo, há também a presença do governo federal, com equipes técnicas e operacionais reforçando o trabalho conjunto. Tanto um quanto outro liberam recursos. A Assembleia Legislativa vota leis com urgência em sessões extraordinárias para acelerar benefícios. Municípios se mobilizam num esforço conjunto.

Entretanto, nesse cenário de ação concreta, Moro apareceu desconectado, propondo a criação de um fundo para reconstrução. Ele sequer sabia que o Fundo de Calamidades já existe e está em uso. A correção veio rápida: se quisesse ajudar, poderia enviar emendas parlamentares.

Mas a visita revelou algo mais profundo: a dificuldade de quem passou a vida olhando o país de cima de um tribunal em compreender o que é andar no chão, entre destroços. Julgar da cadeira de um juiz é diferente de sentir o chão rachado sob os pés, de ouvir o desespero de quem perdeu tudo. Em Rio Bonito, portanto, o episódio expôs o contraste entre quem age e quem apenas visita. Hoje senador Moro ainda parece pensar como juiz: distante, observando o país de cima, incapaz de perceber o que se passa no chão. Em Rio Bonito, a destruição é concreta, dá pra ver, tocar, respirar. E talvez  isso não sensibilize tanto quem passou a vida julgando de longe.

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Cristina Esteche

Jornalista

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