22/08/2023
Cotidiano

A chimbica do Pedrão cai nas graças do público

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Guarapuava – Ele “esfolava” pedaços de madeira simulando um cavaquinho desde os primeiros anos da infância, mas aos 15 anos de idade teve o primeiro contato com uma gaita de botão tocada pelos dedos calejados pelo uso constante da foice e do machado nas lides campeiras de então.
Começava aí uma trajetória musical que neste ano alcançou sucesso. Hoje a música “Chimbica do Pedrão” é denominador comum em celulares, em programas de rádio e ultrapassa fronteiras com clipe postado no Youtube.
Pedro Bonavigo, o Pedrão, um gaúcho de 64 anos e com raízes italianas, cujos gestos exagerados, risada alta e muita disposição não deixam negar essa origem, é conhecido em Guarapuava. A principal referência desse pequeno produtor rural que tem um sítio no Jordão, é uma pick-up da marca Williams, anos 50, de cor azul bem forte que foi importada dos Estados Unidos: a chimbica do Pedrão. “Comprei há 34 anos”, conta.
Numa volta rápida ao passado Pedrão lembra do velho pai que com “muito sacrifício” comprou o primeiro instrumento musical. “Comecei a tocar gaita com quatro meses de aprendizado, sozinho. Depois comecei a cantar e tive que reaprender tudo quando ganhei uma gaita piano”, relembra.
Já em Guarapuava, entre os anos de 1966 e 1968, começou a participar de programas de calouro na Rádio Difusora. “Depois fui para a Rádio Atalaia onde tinha o programa O Rancho do Pedrão”.
Nessa época, diz, não havia uma divisão entre os gêneros sertanejo e gauchesco. “Tudo era a mesma coisa”, diz.
Formando dupla com o primo Dileto Pulga e uma parceria com o sanfoneiro Tobias de Souza, aos poucos, foi divulgando a música tradicionalista de Os Bertucci. “Fomos os pioneiros”, comemora.
Pedrão, que foi policial rodoviário, que compõem o Grupo Folclórico Anima, se orgulha em contar que domina o dialeto vêneto. “Tenho muito orgulho disso, dessa raiz italiana”, afirma.
Como não poderia ser diferente para quem trabalha com cultura, a música continua fazendo parte da sua vida, agora como hobby. “Tenho as minhas atividades no sítio criando ovelhas, plantando erva-mate e componho nas horas de folga, animo festas, canto bingo”, relata.
Foi indo e vindo diariamente no Jordão que observou o cotidiano do parque recreativo e veio a inspiração da música que é sucesso. “A Chimbica do Pedrão conta a história do Jordão e foi criada nas conversas nos bares da vila. É um xote meio nordestino, meio gauchesco que deu numa mistura bem guarapuavana”, diz.
A música, que já ganhou um clipe produzido pela Unicentro, é o carro-chefe do CD que será lançado no dia 8 de março durante a 8ª Festa do Produtor no Jordão.
“Muitas pessoas estão cantando a música, estou sendo assediado na rua”, comemora. O CD que já ultrapassou fronteiras e está no Maranhão, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e também na Polônia, está à venda por R$ 10,00 e pode ser encontrado nas lojas de discos da cidade.

Cristina Esteche

Jornalista

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