22/08/2023
Cotidiano

Conradinho: Falta médico; cobrança de taxa onde não há asfalto e alagamentos

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Falta de manilhamento adequado na rua Guaiciara o que provoca o alagamento em residências, a falta de um posto de saúde que tenha médicos e remédios e uma administração aberta ao atendimento da comunidade. Estas são as demandas que predominam no Bairro Conradinho em Guarapuava. As reivindicações também passam por mais empregos, pela cobrança da taxa de pavimentação asfáltica sem que a rua tenha recebido a obra. 
“Estou há 8 anos desempregada. Sou uma pessoa doente que ganha a vida como diarista e que depende do bom coração das pessoas. Já estava desistindo da cidade. Pensei em vender o pouco que tenho e ir para outro lugar, mas agora surgiu uma esperança”, diz Marli do Belém Sutil de Oliveira, 51 anos.

Com lágrimas nos olhos, dona Ivete Barros de Paula, que mora no bairro há 30 anos, diz que enfrenta grave problema de saúde na família. Ela é mais das pessoas que vivem em Guarapuava e que reclama da falta de médicos e de remédios nas unidades de saúde do município. “A gente tem que levantar na madrugada para enfrentar a fila no posto da Vila Primavera e quando consegue não tem médico”, diz. “Precisamos de especial atenção, um lugar que seja só para atendimento dos idosos”, reivindica.

A precariedade na saúde pública de Guarapuava também é evidenciada pelo depoimento de Bernardete da Silva, moradora há 18 anos no Conradinho. “Até uns 7 anos existia um PSF (Programa Saúde da Família), mas aí foi fechado e nunca mais foi reaberto. Numa noite dessas precisei de médico e fui até o posto da Primavera, mas não fui atendida porque me disseram que o médico estava em reunião. Fui para o posto lá no Pérola do Oeste e depois de esperar por mais de 6 horas o médico que me atendeu ainda me xingou porque eu não tinha ido no posto da vila. Como podemos ir onde não existe? Ouvi tanta besteira do médico que me atendeu que saí de lá mais doente ainda”, conta a mulher.

 

“A gente que é humilde sofre muito. Quase perdi minha filha indo de posto em posto em busca de socorro. Sou doente, preciso tomar calmantes e nem isso eu consigo. Estou há mais de um ano sem medicamento. Essa situação precisa mudar e com urgência, pois estamos cansados de tanto sofrimento”, desabafa.

Dona Irene Schaifer, 69 anos, é a única das pessoas entrevistadas que diz que a administração municipal está sendo boa. “Acho que o prefeito está fazendo muitas coisas boas”, diz. Momentos depois repete o que vem sendo dito por onde quer que se vá. “Falta melhorar a saúde, falta emprego e essa valeta aí transborda e alaga todo o mundo da minha casa”, mostra referindo-se a uma vazão do Rio das Crianças.

“A maior coisa que um prefeito pode fazer por nós é detonar essa ponte que está ai”, diz dona Doraci Kendrick, a Dorinha. Manilhas pequenas que não suportam a vazão do rio foram colocadas sobre uma área de laje que impede a absorção da água sobre a terra. “É preciso colocar um manilhamento montado”, sugere um dos moradores.

O alagamento desse local fez que o casal Paulo e Marlene Meira transferissem a casa para os fundos do terreno. Donos de uma oficina de chapeação eles também reclamam da “cobrança indevida de taxa de R$ 2 mil referente ao calçamento realizado na Rua Guaiciara. “Fizeram um calçamento na rua e estão cobrando como se fosse pavimentação asfáltica. Isso não está certo”, diz Paulo Meira.

 

A destruição da única quadra de esportes do bairro também foi alvo de reclamação. “As nossas crianças já não tinham onde brincar, agora improvisamos um campinho atrás da associação (moradores)”, diz Michel Fernando Woginski. "Passaram o trator por cima de tudo e dizem que vão construir uma creche", observa.

Cristina Esteche

Jornalista

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