22/08/2023

Os dois lados da paixão

Desde que noticiamos a nova fase do espetáculo cênico Paixão de Cristo temos ouvido e lidos muitos comentários a respeito das alterações propostas para este ano. A primeira delas foi a substituição da Companhia de Teatro Arte e Manha por um grupo coordenado pela Diocese e é justamente aí reside a maior polêmica. Vamos aos fatos: boatos é o que não faltam e cotidianamente são disseminados nas redes sociais. O principal deles é que houve retaliação politica partidária, já que a Companhia assumiu publicamente o apoio ao ex candidato a prefeito Fabio Ribas, o que não poderia ser diferente. Afinal, a diretora do Arte e Manha, Rita Felchak foi candida a vice na chapa encabeçada pelo ex procurador geral do município. Quando veio à tona a substituição, em matéria levantada pela Rede Sul de Noticias, cheguei a ser desafiada por um integrante do Arte e Manha a falar a verdade sobre o fato. Mas qual é a verdade? questionei. A resposta veio como um desabafo e quando pedi para fazer uma entrevista oficial, houve o recuo após consulta à companhia. Pelo menos, essa foi a resposta que obtive. Hoje, porém, me dou o direito de comentar, já que outro integrante do mesmo grupo postou "desabafo" semelhante no seu perfil no Facebook. O questionamento é sobre a divulgação de chamada pública feita pela Prefeitura para quem desejasse concorrer à produção do espetáculo. Se os membros do Arte e Manha não ficaram sabendo, não é um problema a ser debatido agora. Porque o edital houve e foi divulgado. Isso é fato! Outra questão é sobre o roteiro do espetáculo que, segundo pessoas da Diocese, estavam fugindo do tema proposto: a saga da paixão e morte de Jesus Cristo, o que não estaria agradando a Diocese já a algum tempo.

Fontes estreitamente ligadas ao bispo D. Antonio Vagner da Silva, consultadas pela Rede Sul de Notícias foram unanimes em afirmar que esse foi o principal motivo do "rompimento" com o Arte e Manha. A Igreja quer um espetáculo mais simples, mais voltado à religiosidade, à reflexão e ao espírito evangelizador que o tema requer. Esse desejo é tão grande ao ponto da Diocese estar preparada para realizar a encenação em outro lugar, caso o Arte e Manha continuasse produzindo o espetáculo. Eis aí a diferença. O Arte e Manha, no meu entendimento, buscou fazer um espetáculo cheio de efeitos que "enchessem" os olhos – o que sabem fazer e muito bem; a Diocese quer uma encenação que enriqueça a alma.

Cristina Esteche

Jornalista

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