22/08/2023


Geral

Ator de Guarapuava protesta contra a homofobia no Maracanã

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Um grito solitário que atingiu o mundo foi solto pelo ator guarapuavano Alex Tietre durante a final da Copa das Confederações no início da noite desse domingo (30), no Estádio Maracanã, no Rio de Janeiro.

 

A faixa exibida por Alex Tietre, um dos figurantes do quadro que mostrou inúmeras bolas de futebol dentro do campo, clama contra a homofobia. “Ser gay é ….. Mara…. Aberração é o preconceito” ganhou as manchetes de diversos veículos de comunicação do país. “Estou saindo para dar entrevista ao Estadão e a ESPN”, disse ele à Rede Sul de Notícias na tarde desta segunda-feira (1º.).

Em entrevista concedida à jornalista Camila Marins,, Alex Tietre, 35 anos, que é ator, diretor e autor de peças teatrais e que trabalhou por 18 anos na Companhia de Teatro Arte e Manha, de Guarapuava, disse que tinha participado de outras manifestações artísticas para a Copa das Confederações e outras mobilizações. “Participei com meu nariz de palhaço em manifestações no Rio e em Niterói, não necessariamente para a Copa, meus protestos eram como os da maioria. A seleção para a Copa das Confederações foi na Escola Naval. Me inscrevi, porque minha companhia de teatro sempre trabalhou com grandes eventos e seria uma boa experiência, mas não foi como esperava. Comecei a questionar o porquê de ser voluntário num evento que rolam milhões em dinheiro, enquanto eu estava ali ganhando um lanchinho e um cartão de transporte, que não pagava nem metade do que eu gastava”.

Morando no Rio de Janeiro onde trabalha há dois anos numa agência de atores em Niterói, Alex Tietre diz que a coragem de fazer a manifestação silenciosa quebrando o paradigma no Maracanã onde foi proibida qualquer tipo de manifestação, é a mesma coragem que todos os brasileiros tem quando saem para trabalhar, para ganhar um “salário ridículo, com um transporte precário e ainda para correr riscos nas ruas”.

Ao contrário de outros ativistas que abriram faixas contra a privatização do Maracanã, por exemplo, Alex Tietre não foi retirado do campo.

“Eu tive mais sorte, abri a bandeira no palco principal, no meio de cinco cantores famosos. Não poderiam me agredir. Depois, deixei a bandeira no palco e entrei no meio dos outros participantes sem que conseguissem me identificar. Então, não fui retirado”.

 

A iniciativa do ator de Guarapuava ganhou repercussão nas redes sociais, na maioria, de apoio à iniciativa. Porém, não é só isso.
“Felizmente, estou tendo mais apoio, mas tem muita gente contra, e tive ameaças, sim. Lá mesmo, já discutiram comigo, disseram que eu estraguei tudo e que, se pelo menos, eu tivesse feito um protesto pela fome eu seria apoiado… Entendo isso, mas se eu tivesse que protestar sobre tudo que o Brasil precisa, a bandeira teria que ser do tamanho do Maracanã”.

Alex Tietre se diz indignado  com qualquer manifestação homofóbica.  “Precisamos viver de forma que os valores sejam revistos. Ser gay não prejudica ninguém. Ninguém tem o direito de querer "mudar ou curar" alguém. Devemos começar a avaliar o que realmente precisa ser mudado. Precisamos fazer essa mudança agora, mudar o Brasil, os políticos e também mudarmos pra melhor, cuidar do nosso planeta e cuidar do próximo com todo respeito, sem ver cor, credo ou sexualidade”, afirma numa referência  ao projeto de lei de autoria do deputado federal Marcos Feliciano que prevê a “cura gay”. A frase de Tietre também é uma crítica  à  cantora gospel Mara Maravilha  que ao opinar sobre o projeto de lei  de Feliciano se referiu ao homossexualismo usando o termo “aberração’. . A entrevista aconteceu durante o programa Morning Show, da Rede TV na segunda-feira (24 de junho).

 

Cristina Esteche

Jornalista

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