22/08/2023

Os embargos infringentes e a reação popular

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)  em aceitar os embargos infringentes, por seis a cinco votos, na quarta-feira (18), dando nova oportunidade a 12 condenados no processo do “mensalão” provocou várias reações na sociedade brasileira. Acusados por  lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, 12 envolvidos que obtiveram menos de quatro votos favoráveis às condenações, terão um novo julgamento que poderá acontecer somente em 2014.

Se para muitos a decisão do STF frustra e leva à população brasileira ao descrédito, já que o caso tinha sido julgado,  para outros, prevaleceu a justiça, o direito de dupla jurisdição, de duplo julgamento que todo cidadão brasileiro e de todos os países signatários das normas internacionais tem direito.

Mas essa decisão é apenas uma peça no cenário político brasileiro e mostra que a apatia popular volta a pairar no berço esplêndido. Além das manifestações em redes sociais onde não faltam críticas indignadas contra o STF ou dos manifestos protagonizados por atrizes globais que se vestiram de preto simbolizando o luto, nas ruas  predominou o desânimo. A manifestação "1.000.000 em Brasília", marcada pelo Facebook, teve 340 adesões, mas  apenas 20 pessoas improvisaram uma "prisão" com imagens dos petistas José Dirceu e José Genoino.  Um dos manifestantes, vestido como o presidente americano Barack Obama, levou uma bandeja com pedaços de pizza, segundo noticiou a imprensa nacional.

Em São Paulo não foi diferente. Cerca de  20 pessoas se reuniram para protestar no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, onde uma televisão transmitiu a sessão do Supremo, na última quarta feira.  Em Guarapuava, a indignação  surge nas rodas de conversas. Nada além disso.

Quanto a  mim, entendo que o voto do ministro Celso de Mello impediu uma condenação sumária, tácita,  fazendo prevalecer o bom senso e direito constituído de que todo o cidadão brasileiro, independente, de questões políticas principalmente, tem direito a duplo julgamento, principalmente quando se está em jogo as eleições de 2014.

Por outra ótica, não acredito que a apatia que voltou a pairar sobre o brasileiro que não foi às ruas seja somente por desacreditar, por desesperança,  por compreender os direitos explícitos na Consttituição Brasileira, ou por vazio cívico, mas porque a “base” que convocou as mobilizações recentes que tomaram conta de partes do país, tinha sim o interesse de tumultuar. O que surpreendeu foi que o povo, aquele sofrido, aproveitou e pôs para fora o grito entalado na garganta, não contra o que a “base” queria, mas expondo a reprovação contra a classe política brasileira, contra tudo o que o incomoda. Recado dado, povo calado, povo feliz!

Cristina Esteche

Jornalista

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