22/08/2023


Geral

Justiça revoga prisão preventiva dos acusados do caso Tayná

A Justiça revogou a prisão preventiva dos 21 policiais acusados de abuso de autoridade, falso testemunho, tortura, estupro e lesão corporal contra os quatro jovens apontados como suspeitos de matar, em junho deste ano, a adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, que morava em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. A juíza Aline Passos decretou fiança de R$ 10.000,00 para cada acusado e outras medidas cautelares como comparecimento em juízo a cada dois meses e afastamento das funções policiais. Eles também estão impedidos de chegar perto das supostas vítimas ou familiares e não podem se ausentar por mais de oito dias, sem autorização judicial. A decisão é de sexta feira (25).

Após o corpo da adolescente ter sido encontrado próximo ao parque de diversão onde os quatro suspeitos do crime trabalhavam, a polícia chegou a divulgar que os rapazes haviam confessado o crime e deu o caso como encerrado. Mais tarde, entretanto, depois de uma conversa com representantes da sede paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) e de depoimentos ao Ministério Público (MP) Estadual, os quatro disseram que assumiram a autoria porque foram torturados, o que motivou a denúncia.

Dos 21 suspeitos de tortura, 16 são policiais civis, um é policial militar, dois são guardas municipais e dois são considerados presos de confiança. Um dos acusados, Silvan Pereira, foi o primeiro delegado a assumir as investigações do caso Tayná.

Todos os acusado negam os crimes. Eles argumentam, por meio dos representantes jurídicos, que os depoimentos utilizados para embasar a denúncia não são críveis, inexistência de indícios e também ilegalidade da investigação. As justificativas, porém, não foram acatadas pela juíza, que afirmou que as preliminares deduzidas pelos acusados não merecem ser acolhidas e que existem indícios de autoria, que posteriormente precisão ser comprovados.

Segundo a decisão, o longo prazo das investigações, sem evolução, foi um dos motivos considerados para se revogar a prisão dos acusados. Além disso, a juíza também avaliou que os acusados são servidores públicos, têm residência fixa e se apresentaram espontaneamente para prestar esclarecimentos, colaborando com a Justiça.

A repercussão do caso e dos possíveis erros na investigação inicial acabou respingando na cúpula da Polícia Civil. O então delegado-geral, Marcus Vinicius Michelloto, foi substituído por Riad Braga Farhat, que comandava a Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc). Desde o desaparecimento de Tayná, quatro delegados já assumiram as investigações. Atualmente, as diligências estão sob responsabilidade do delegado adjunto da Delegacia de Homicídios de Curitiba, Cristiano Quintas dos Santos.

Cristina Esteche

Jornalista

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