22/08/2023
Economia

Pedidos de demissão têm menor alta em quatro anos

O ritmo de crescimento nos pedidos de demissão no Brasil caiu ao menor nível em quatro anos. Em 2013, o número de trabalhadores que se desligaram voluntariamente dos seus empregos se manteve praticamente estável em relação ao ano anterior, com alta de apenas 1,3%. Um aumento tímido se comparado com 2010, por exemplo, quando o número de pedidos de demissão cresceu 34%.

A desaceleração tem sido gradual e acompanha, em parte, a estabilização na rotatividade do emprego no país. O movimento revela a acomodação do mercado de trabalho e do próprio do trabalhador brasileiro nos últimos anos, de acordo com especialistas.

Desde a crise econômica de 2009, o ritmo de desligamentos totais ano após ano vem desacelerando – nesse caso, somam-se os trabalhadores que se aposentaram, pediram demissão, foram demitidos ou faleceram. Em 2010, o número de demissões havia aumentado 12% em relação ao ano anterior; em 2013, o crescimento ficou em 3,2%.

Para o especialista em Economia do Trabalho Agnaldo Beduschi, da Universidade Federal Fluminense (UFF), a queda no ritmo dos desligamentos voluntários se dá pelas mudanças sofridas pelo mercado de trabalho. “Em 2010 a oferta de emprego era tão grande que muita gente trocou de trabalho duas vezes no ano. Foi um processo gradual que hoje resulta numa estabilidade maior”, afirma.

Segundo o especialista, havia uma grande diferença entre a oferta de emprego e a mão de obra disponível, que depois se normalizou. “A diferença entre o número de vagas e empregados qualificados diminuiu bastante”, diz.

A desaceleração também está ligada às baixas expectativas econômicas de empresários e empregados no curto prazo. “Se o patrão está otimista, investe e abre mais vagas. Se o trabalhador está otimista, ele se arrisca para empreender ou buscar melhores postos”, afirma Hélio Mondriani, professor de Economia do Trabalho da Unesp.

Com a economia operando em marcha lenta, a estabilidade nos pedidos de demissão deve se manter em 2014. “Além da conjuntura pouco animadora, os baixos índices de desemprego apontam para um dinamismo menor”, diz Beduschi, da UFF.

Outro sinal de que o cenário deste ano deve ser bastante parecido com o de 2013 é que a renda média do trabalhador está crescendo em velocidade mais baixa. O aumento dos salários em menor intensidade indica que os empregadores estão disputando menos os trabalhadores.

Cristina Esteche

Jornalista

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