22/08/2023

O que vai acontecer em Junho?

Um mote que constantemente é replicado, em particular, em momentos eleitorais em nosso País é “precisamos fazer boas escolhas”. A cultura oriental, diferente de nosso modelo cartesiano tem um princípio mais ousado, ou seja, saber o que não fazer é tão ou mais importante quanto saber o que fazer.  Outra máxima que precisamos considerar é que melhor que começar bem é terminar melhor ainda.  Como já escrevemos anteriormente, em matéria de eleições, a situação é sempre tensa, mas sempre temos condições de aprender algo de novo, de interessante. Um deles é que, neste período, vemos com mais claridade os

 milagres da eleição. Significa dizer que neste momento a amabilidade e generosidade daqueles que ocupam cargos públicos e caminham para a reeleição é muito mais generosa que em outros tempos. Vê-se Dilma bem humorada e flexível , vê-se Beto Richa condescendente, sem contar Deputados solícitos e disponíveis 24 horas por dia, dentre outros.  Até outubro é só festa, só alegria, momentos de vacas gordas, mas o devir é algo extremamente preocupante e já há profecias de que teremos momentos inimagináveis. Apesar da calmaria aparente, seja em Brasília ou em Curitiba, teme-se o provável e o anunciado: o medo de manifestações irresponsáveis.

Uma coisa é o movimento da sociedade organizada, outra bem diferente é o caos político arquitetado por membros de uma sociedade desorganizada. O discurso oficial já escalou âncoras, colunistas , atores globais e até craques de futebol para a defesa de uma manifestação teoricamente pacífica, no campo do aceitável ou do controlável. É verdade que existem muitos provocadores, diferente de gente bem intencionada, mas também é verdade que os últimos acontecimentos que vieram à baila envolvendo nossa maior empresa estatal e gente graúda do alto escalão merece e os gastos superfaturados de obras de padrão FIFA, merecem alguma coisa.

Alguns veículos de comunicação insistem na tese de que quanto pior, melhor e compartilham de espaços que demonizam a classe política de manhã, de tarde e de noite, condenando apenas estes como se tivéssemos apenas um Brasil limpo de um lado e um Brasil sujo de outro lado. Os  arautos da ciência política chamam isto de imprensa chapa branca, uma vez que defendem aquelas afirmações universalistas como ‘O Brasil não tem solução’. Tal empreendimento mais parece a expressão de má fé de pessoas que insistem em jogar para o tapete alheio a sujeira do seu.

Por outro lado, alguns parasitas encomendados, querem a todo custo justificar nossa mansidão, nossa cordialidade, para não dizer nossa imbecilidade e de que tudo transcorrerá na mais absoluta normalidade.

O nível de desamor à política e de uma desilusão crescente merece cuidados especiais e, dependendo do discurso que se constrói pode ser mais danoso que propriamente preventivo. É o caso do ex-campeão mundial Ronaldo e seu chutômetro mercenário. O Ronaldo fenômeno não é nenhum exemplo de civismo ou de consciência política e nos dá um mau exemplo quando com uma política X ataca outra política Y, resultando no famoso ditado popular de “o sujo falando do mal lavado”. Não está certo.

A melhor resposta que nossos atuais governantes podem dar é a clara sinalização de uma prática diferente do que normalmente os partidos e os governos são vistos ou percebidos pela população , ou seja, são tidos como incompetentes, insensíveis às preocupações das pessoas e, direta ou indiretamente, corruptos. Os Europeus passaram pelo que estamos passando e experimentaram, cada país a seu modo, modelos diferentes de governos e de poder e buscam incessantemente uma medida certa. Alguns já encontraram, outros estão a caminho. No entanto, a desilusão dos europeus parece ser um pouco maior do que a nossa a ponto de retornarem a modelos políticos que já foram considerados indesejados por uma grande maioria. Problemas foram feitos para serem resolvidos e, sob hipótese alguma, temos que fechar os olhos para não ver o perigo ou fechar os ouvidos para não ouvir os reclames de muitos. No entanto, algumas autoridades prestigiadas prestam-se em realizar um desserviço à sociedade. É o caso do Ministro Gilberto Carvalho.

A frase deste Ministro especial da Presidente é daquelas que temos que guardar para que ninguém possa ver. Em alto e bom tom disparou: “O Brasil de muitas colunas políticas e o do dia dia do povo é outra coisa”, sugerindo que o principal inimigo de nosso País é a língua e a caneta afiada de nossos intérpretes. Gostaria de perguntar ao Senhor Gilberto: você vive no Brasil ?

Não sei se foi cômico ou escandaloso. O fato é que o ceticismo das pessoas, em especial em relação às instituições, atinge o pico do Everest.

Não se trata de envenenar ninguém, mas que o barco está à deriva, qualquer criança do ensino fundamental sabe de cor e salteado.

Temos muitos brasileiros que vão reprovar manifestações, mas certamente teremos muitos que vão ajudar a incendiar o barril de pólvora.

Pesquisas consideradas, semanalmente, medem índices sobre a aceitação ou reprovação de protestos.  Uma delas constata que 73% dos entrevistados acreditam que os protestos geram mais prejuízos do que benefícios, mesmo assim mais da metade dos entrevistados entendem que os protestos são justificáveis.Urge encontramos a medida certa.

Cristina Esteche

Jornalista

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