22/08/2023
Economia

Gasto público ajudou PIB a crescer, mas prejudicou inflação e confiança

Os gastos do governo cresceram 1,3% no terceiro trimestre deste ano e ajudaram a tirar o Produto Interno Bruto (PIB) do "atoleiro" visto no início deste ano, quando houve recessão técnica – configurada por dois trimestres seguidos de queda no PIB. Mas também tiveram efeitos colaterais, como aumento da inflação, queda do nível de confiança dos empresários e, subsequentemente, dos investimentos privados.

Segundo dados divulgados nesta sexta feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileiracresceu 0,1% no terceiro trimestre deste ano, e tirou o país da recessão.

Em julho, agosto e setembro, todos os meses do terceiro trimestre deste ano, o resultado das contas do governo foi o pior da série histórica divulgada pela Secretaria do Tesouro Nacional, que tem início em 1997. Isso se deve ao aumento de despesas públicas em um ano eleitoral – marcado também por um fraco comportamento das receitas, resultado das reduções de tributos implementadas pelo governo e do baixo nível de atividade na economia.

Para o economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), especialistas em contas públicas, o aumento de gastos do governo pode até ter ajudado a impulsionar o PIB do terceiro trimestre, uma vez que é um dos componentes da chamada "demanda agregada", mas acrescentou que o perfil das despesas públicas, em sua visão, tem sido "mais prejudicial do que benéfica" para a economia.

"Com a queda do resultado primário [economia para pagar juros da dívida pública], tem aumentado incerteza e travado investimento privado. Eu não gosto muito disso. Pode até ter tido efeito positivo do lado de demanda, mas o problema do Brasil nos últimos anos não é questão de demanda. A incerteza foi agravada neste ano pela queda do primário, porque talvez tenha de pagar mais impostos [no futuro para recompor o resultado fiscal]. Eu não colocaria isso como positivo. E bateu na inflação também", avaliou Mansueto.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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