22/08/2023
Cotidiano

Sindicatos recusam proposta do TST para pôr fim à greve dos Correios

Brasília – Não teve sucesso a tentativa de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho (TST) entre os representantes dos empregados e da Direção dos Correios, hoje (24). Após a recusa dos representantes sindicais em aceitar a proposta conciliatória feita pelo vice-presidente do TST, ministro João Oreste Dalazen, o dissídio coletivo vai a julgamento. O relator, escolhido mediante sorteio na audiência, será o ministro Márcio Eurico.
Identificado o impasse nas negociações, o ministro Dalazen apresentou a seguinte proposta às partes: reajuste salarial de 4,5% a partir de 1º de agosto de 2009; concessão de aumento real e linear de salário, no valor de R$ 100,00, para todos os empregados, a partir de 1º de agosto de 2009; reajuste do vale-alimentação, a partir de agosto de 2009, para R$ 21,50; reajuste do vale-cesta, a partir de agosto de 2009, para R$ 120,00; vale-cesta extra, em dezembro de 2009, no valor de R$ 494,50; manutenção, com igual teor, das cláusulas do acordo coletivo de trabalho imediatamente precedente; cessação imediata da greve, sem punição de qualquer espécie aos grevistas pelo simples exercício do direito de greve e compensação das horas de paralisação, em virtude de participação no movimento grevista. O acordo seria válido por um ano.
A proposta do TST, prontamente aceita pela empresa, foi recusada pelos sindicatos. O ministro destacou os ganhos históricos conquistados pela categoria nos últimos anos, lembrando que o momento não é propício à radicalização do movimento, com continuidade da greve: “adicional de 70% na hora extra, assistência médica e odontológica, gratificação de férias de 70%, reembolso-creche e babá, 13° de vale-cesta não é qualquer um que tem; portanto, é hora de ter bom senso e analisar a proposta com responsabilidade”, disse ele.
O ministro conclamou os trabalhadores dos Correios a voltar ao trabalho, tendo em vista tratar-se de serviço essencial à população. Ele lembrou da discussão em torno da quebra do monopólio enfrentada recentemente pela empresa, ressaltou a importância de se prestar os serviços de modo a atender as necessidades da sociedade e deu um recado aos dirigentes sindicais: “radicalizar o movimento desatende, muitas vezes, ao interesse dos trabalhadores”.
Durante a tentativa de conciliação, os dirigentes sindicais se desentenderam. Uma parte dos sindicalistas era favorável a um acordo, enquanto a outra parte recusou a proposta do ministro. Segundo o ministro, a notória divisão política dos membros da comissão de negociação dos sindicatos poderá pôr a perder algumas das negociações que seriam vantajosas para a categoria.
Com a instauração do dissídio, a proposta recusada pelos sindicatos foi retirada. O TST julgará nos próximos dias a abusividade do movimento grevista. A adesão de grevistas hoje (24), nono dia de paralisação, é de 10% do contingente de 109 mil empregados. Encontram-se atrasadas 306 mil encomendas e 47,9 milhões de correspondências.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.

Pular para o conteúdo