22/08/2023
Geral

A peregrinação em vão de uma mãe e irmão de detento

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Lizi Dalenogari, da Redação

As visitas, assim como o banho de sol dos presos, foram proibidas com a deflagração da greve dos agentes penitenciários do Paraná, neste sábado (23). Eles protestam contra o governo e pedem maior reajuste de salário, contratação de novos agentes, plano de carreira, aposentadoria especial e pagamento de promoções e progressões em atraso e retroativo.

Mas foi uma mãe de detento, vinda de Prudentópolis para visitar o filho, que sentiu na pele as conseqüências que um estado de greve acarreta. Após percorrer de ônibus aproximadamente 67 Km até chegar em Guarapuava, Marilda Cordeiro dos Anjos e o filho mais novo se deslocaram, também de ônibus, até o Centro de Regime Semi Aberto. Mas foi as margens da BR-277 que desceram e tiveram que percorrer aproximadamente mais 1 km a pé para chegar ao destino.

Na sacola a mãe levava artigos de higiene e alimentos para o filho. Os alimentos iriam voltar com ela para Prudentópolis ao ser informada, ao chegar no portão do Semi Aberto, que a visita havia sido suspensa, e que assim ficará por tempo indeterminado. Marilda ficou desalentada. “Não ficamos sabendo da Greve e agora não vou ver meu filho e nem posso deixar o que trouxe pra ele. É triste, mas entendo a luta dos agentes também. Acho justa”, enfatiza. 

O agente André Vieira de Souza, delegado Sindical da PIG, informou a Rede Sul de Notícias que os serviços básicos estão sendo oferecidos aos encarcerados. “Serviços essenciais como alimentação, atendimento médico (quando necessário), estão normalizados. Apenas as visitas e a atividade de banho de sol no pátio, assim como as aulas, estão suspensas temporariamente".

Com a informação do agente a mãe aquietou o coração mas se pergunta quando verá o filho novamente. “Fico contando os dias para vir, já que só posso vir no domingo. Agora nem sei quando vou ver meu filho novamente. E o que mais me dá medo é de rebelião. Eles ficam fechados e sem visita e a gente sabe que isso revolta. Agora só me cabe rezar”, desabafa.

A mãe e ao irmão só restou percorrer todo o caminho de volta até chegar a Rodoviária e ter que aguardar por mais 3 horas até o horário de embarque para casa.

Cristina Esteche

Jornalista

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