22/08/2023
Segurança

Crimes na Internet estão cada vez mais comuns

Da Redação

A discussão sobre crimes praticados na internet está ganhando força devido ao aumento dos casos registrados no país. Não basta ter cuidado com aquilo que você publica online. Curtir, compartilhar e retuitar também podem prejudicar muita gente. Na roleta russa da internet, esse tipo de interação já arruinou vidas e levou a condenações na Justiça. Está com o dedo no gatilho? Então pense bem antes de clicar.

Você conhece a história de alguém que se deu mal por causa de algo que publicou – ou foi publicado – na internet. Pode ser aquela foto constrangedora do funcionário. Um comentário muito idiota, dificilmente dito em voz alta. Tem também o vídeo íntimo, gravado em um momento de empolgação, e o print daquela conversa no WhatsApp, quase tão secreta quanto o tal vídeo. Se a criação desse conteúdo exige cautela, o mesmo vale para quem curte e compartilha o material. Seu riso ou gesto de indignação, traduzido naquele joinha com jeitão inocente, pode contribuir para arruinar vidas. Em alguns casos, até acabar com elas.

A acusação é forte e você tem todo o direito de achá-la exagerada. Há também quem argumente que o autor mereça essa superexposição, equivalente ao tamanho de sua besteira. O problema é que, no tribunal chamado internet, as regras não são claras. Um mesmo conteúdo pode passar despercebido ou gerar reações das mais indignadas. E qualquer um pode parar no banco dos réus por um descuido tão pequeno quanto um tuíte. Independentemente do crime, a sentença vai de leve (um ou outro "kkk") até o grau avançado de hostilização, incluindo aí ameaças de morte. Com o agravante de toda essa história ficar registrada na rede para sempre.

A prática de humilhar publicamente leva o nome de shaming (envergonhar, em português), uma subdivisão do já conhecido bullying. A ação tem crescido na internet e ganhou destaque com o recente lançamento do livro "So You've Been Publicly Shamed" (Então Você foi Publicamente Humilhado, em tradução livre), do jornalista inglês Jon Ronson. É dele o tapa na cara dos internautas: quando o shaming é feito a distância, como drones remotamente controlados, ninguém tem a dimensão dos danos causados. E essas mesmas pessoas ignoram a força do poder coletivo. "O floco de neve nunca se sente responsável por causar a avalanche", compara Ronson, batendo agora na outra face.

Você pode nunca ter tido a intenção de praticar shaming. Mas sejamos honestos: o sensorzinho da maldade está em plena atividade quando se compartilha a desgraça alheia. É ou não é? Claro que existe gente disposta a constranger e ridicularizar qualquer criatura viva do planeta, mas não foram eles que colocaram o vídeo íntimo daquela desconhecida no seu grupo do WhatsApp. Atribuir essas atitudes a pessoas declaradamente mal-intencionadas seria eximir nós e nossos amigos do mal que circula em nossas próprias timelines. Se o conteúdo está lá, é porque esse bando de gente "de bem" o compartilha. E também o consome, fazendo a engrenagem girar.

A ONG brasileira Safernet registrou um aumento significativo nos pedidos de ajuda para casos envolvendo exposição de conteúdo íntimo. Trata-se da principal queixa entre quem procura aconselhamento na ONG, seguida de ciberbullying:

2012 – 48 casos

2013 – 101 casos

2014 – 224 casos

Se você conhece alguém que foi vítima deste tipo de crime, conte-nos a história, Envie para jornalismo@redesuldenoticias.com.br (manteremos os nomes em sigilo) A intenção é divulgarmos situações reais que acontecem bem próximo de nós e que, por falta de denúncia, não chegam a fazer parte das estatísticas oficiais.

Cristina Esteche

Jornalista

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