22/08/2023
Guarapuava

A consciência do "Cabide Solidário"

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Guarapuava – Uma das ações de solidariedade mais bacanas que acontecem em tempos de dias e noites gelados, em várias cidades da região Sul do país, é o 'Cabide Solidário'. É simples: Um tipo de 'cabideiro' é colocado geralmente em praças e lugares com grande movimento de pessoas, na intenção de que roupas e cobertores sejam deixados ali, justamente para que os menos favorecidos e moradores de rua, não passem frio. Como eu disse, simples assim.

A ação tem dado certo aqui e ali, e várias pessoas têm aderido a esse gesto de solidariedade. Em Guarapuava, o 'Cabide Solidário' está sendo promovido pelo Rotaract, do Rotary Club, que dispensa apresentações. Um dos pontos centrais da cidade, a Praça 9 de Dezembro já conta com um desses cabideiros. O aviso diz: "Tá sobrando? Doe. Tá faltando, pegue."

Até aí, tudo bem. Mas pra variar, sempre surge a polêmica. Onde? Redes sociais, claro. Vamos a ela: 

Um post que já foi compartilhado 156 vezes é o de uma pessoa que foi até o cabideiro da Praça e lá deixou suas doações. O desabafo é este:

"PESSOAL ME DESCULPEM, MAS A IDÉIA DE DEIXAR ROUPAS NA PRAÇA NÃO VAI FUNCIONAR.
ACABEI DE LEVAR DIVERSAS PEÇAS E UM BANDO DE MULHERES DESOCUPADAS QUE ESTAVAM POR ALI SÓ ESPERANDO ALGUÉM DEIXAR ALGO CORRERAM PARA PEGAR AS ROUPAS. ENCHERAM AS SACOLAS E EM 30 SEGUNDOS LEVARAM TUDO."

A situação é delicada e gerou dezenas de comentários, como sugestões de onde deixar as doações, além de pessoas indignadas com a atitude das senhoras que pegaram as roupas, logo após terem sido deixadas para doação.

Infelizmente, não dá para saber qual foi a real intenção dessas mulheres. Não sabemos suas histórias, nem de onde vieram, nem para onde vão, muito menos onde moram e qual a situação delas e de suas famílias. 

Sabemos sim, que existem pessoas mal intencionadas e como existem pessoas mal intencionadas, que se aproveitam de situações como essa para se dar bem. Mas vai saber…

Se elas vão vender as roupas em algum brexó, como foi sugerido por usuários das redes sociais, o problema é delas, a consciência é delas. A nossa parte foi feita.

É como dar esmola para algum pedinte. Ficamos na dúvida, se o trocado será utilizado para uma real necessidade. Mas, o que o pedinte vai fazer dali pra frente, já não é mais problema nosso. Repito: a nossa parte foi feita.

Que o 'Cabide Solidário' não pare. 

*Jonas Laskouski é guarapuavano e repórter da RedeSul de Notícias. Com uma história de vida incrível, renascer para a vida é com ele mesmo. Os fortes entenderão.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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