22/08/2023
Cotidiano

A cultura cigana pede passagem em escolas. Guarapuava sai na frente do PR

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O respeito à cultura e aos povos ciganos  ganha espaço no Paraná com um projeto aprovado pela Lei Rouanet para capacitação de professores. A parceria entre  a Secretaria de Estado da Educação e Associação de Preservação da Cultura Cigana (Apreci), propõe o debate nas escolas das redes estadual e municipais de ensino. A intenção é a formação dos professores para desfazer os estereótipos criados em torno da cultura cigana.

O debate chega a Guarapuava antes mesmo de ser lançado no Paraná. O cigano Claudio Iovanovitchi encontra-se em Guarapuava a convite do Colégio Estadual Cesar Stange e da pedagoga Gilse Primak Niquetti, pesquisadora da cultura cigana. Após realizar curso para professora do Cesar Stange nessa terça feira (11), hoje (12), ele se apresenta na Faculdade Guarapuava na aula inaugural do curso de Ciências Sociais, às 19h30. O projeto conta com o patrocínio da Copel e da Celepar (Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná).

Ator e ativista, Claudio oferece ensinamentos sobre a cultura do seu povo em peças teatrais que envolvem música, dança , teatro e poesia.  “São histórias da nossa vivência que visam chamar a atenção para a nossa cultura, para os problemas que enfrentamos”, disse à Rede Sul de Notícias.

A inclusão na escola, literalmente, é a  maior reivindicação de um povo que soma 600 mil pessoas no Brasil, dos quais 10 mil distribuídos pelo Paraná, principalmente, em Londrina e Maringá. Outros três mil itinerantes por mês tem o Paraná como rota para outros destinos, principalmente, para Santa Catarina.

 “Cerca de 90% do nosso povo são analfabetos e só queremos ter acesso às letras, às palavras. Queremos a inclusão”, diz Claudio.

Para se ter uma noção da dificuldade de alfabetização, Claudio e Gilse dizem que nem mesma a Secretaria Municipal de Educação em Guarapuava possui conhecimento da lei que permite o acesso temporário de alunos ciganos em escolas durante o período em que o acampamento permanecer na cidade. “Na semana passada tivemos um acampamento na Vila Bela e as crianças foram impedidas de frequentar a escola”, diz a pedagoga. “Há legislação específica para a população itinerante, quer seja de feiras, ciganos ou outros”, explica Gilse.

Embora Guarapuava seja rota de ciganos itinerantes, uma pesquisa realizada pela SEED para levantar quais municípios serão contemplados com cursos para professores, a cidade ficou fora. “O questionário perguntava se havia alunos ciganos na escola, o que não acontece aqui”, observa a pedagoga.

Cristina Esteche

Jornalista

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