22/08/2023
Brasil Saúde

A dura vida do fígado

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por Sophia Cury

Ele pesa cerca de 1,8 quilo, só mede de 10 a 12 centímetros e recebe em torno de 1,5 litro de sangue por minuto. Agora ponha na conta: ele cumpre inúmeras funções para que seu organismo opere direitinho. Então, se ligue: aí está um cara que você deve cuidar.

Sozinho, o fígado tem que metabolizar praticamente todas as medicações e/ou drogas que ingerimos (entre elas, o álcool), além de armazenar glicogênio (para ser transformado em glicose e usado como energia), produzir a bile (substância que atua como 'detergente' no organismo, dissolvendo as gorduras) e atuar no controle da coagulação e na produção de algumas proteínas essenciais para o organismo.

Apesar de tanto trabalho, ele faz tudo sem reclamar. "O fígado é um dos órgãos com a maior reserva funcional (espécie de estoque de energia) de nosso organismo. Por isso, apesar de o maltratarmos muito, ele aguenta bem o tranco", afirma Mário Kondo, gastroenterologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Isso, no entanto, tem um lado ruim: as doenças que geralmente acometem esse órgão não apresentam sintomas.

O fígado pode ser resistente, mas é não é de ferro. Caso sua reserva funcional esgote, a porta está aberta para as doenças hepáticas aparecerem. Hepatite B e C, esteatose (acúmulo de gordura no órgão), doença alcoólica do fígado, cirrose. "O diagnóstico desse tipo de patologia normalmente é feito pelos check-ups de rotina. Muitas vezes o paciente só descobre na hora que tem a doença", afirma Kondo.

Para não receber uma notícia desagradável na próxima ida ao médico, fique esperto. Não exagere no consumo de álcool, ele sobrecarrega o fígado. Além disso, tome cuidado com a automedicação. "Praticamente todos os medicamentos passam pelo fígado e o afetam de alguma forma, por isso eles precisam ser usados criteriosamente, sob orientação médica", alerta Marta Deguti, hepatologista do Centro de Gastroenterologia do Hospital 9 de Julho, também em São Paulo.

Por fim, é importante tomar a vacina contra a hepatite B, usar camisinha nas relações sexuais e não compartilhar lâminas de barbear, escovas de dente e agulhas (tome cuidado com os estúdios de tatuagens picaretas), para evitar o contágio com a hepatite C. E, convenhamos, não custa nada fazer exames periódicos para checar a saúde do fígado e evitar problemas mais sérios no futuro.

Cristina Esteche

Jornalista

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