Os alunos do curso de Medicina da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) estão se mobilizando para conseguir espaço para os estágios acadêmicos. Isso porque, eles afirmam que enfrentam dificuldades para estagiar em espaços públicos, assim como nos hospitais.
Nas redes sociais o Centro Acadêmico Marco Antonio Zago de Medicina da Unicentro publicou uma nota oficial chamada: “Quem se preocupa com a Universidade Pública?”. No texto, os alunos declararam que a criação do curso de Medicina busca atender a carência de médicos e hospitais na Região de Guarapuava. Mas os estudantes não conseguem a inserção no mercado de trabalho, conforme o trecho da nota.
Seis anos depois [após a criação do curso], como denunciado recentemente na Câmara de Vereadores, temos encontrado dificuldades em sermos inseridos nos espaços de saúde do município, tanto pela falta de ajuste das legislações existentes para sermos inseridos nas Upa’s e UBS’s, como pela falta de hospitais para o internato.
De acordo com a postagem, os alunos afirmam que em Guarapuava, o Hospital São Vicente de Paulo é um dos principais hospitais da Região. Sendo que mais de 80% dos atendimentos são do Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, o hospital recebe mais de R$ 30 milhões do Ministério da Saúde e demais orgãos governamentais, como a Secretaria do Estado da Saúde do Paraná (Sesa/PR) para o funcionamento.
Não seria lógico que a universidade pública que coabita com essa instituição tivesse prioridade nos campos de estágio dentro deste hospital? O que vemos hoje é um hospital mantido pelo dinheiro público do povo, priorizando uma faculdade privada nas atividades práticas de internato dos cursos de medicina sediados na cidade de Guarapuava. Revitalizações de espaços no hospital sendo realizadas por esta instituição privada, colocando a bandeira dentro do hospital e os alunos de Medicina da Unicentro, universidade pública, deixados aos cantos, sem pacientes para atenderem e sem poder devolver à população o atendimento humanizado e de qualidade que sonham em ofertar para a cidade que os acolheu e os tornara médicos.
DEPARTAMENTO DE MEDICINA
Em conversa com o Portal RSN, o chefe do Departamento de Medicina da Unicentro, David Livingstone Alves Figueiredo afirmou que respeita o Hospital São Vicente. Mas que os alunos estão certos em buscar um posicionamento, diante da situação.
Respeito a história deste hospital e a importância para cidade e Região. Há muito tempo temos tido tratativas, mas a Universidade Estadual é preterida no Hospital São Vicente. Existem outras frentes sendo construídas, de forma propositiva, com o Hospital Regional. Mas com o ‘São Vicente’, simplesmente somos preteridos. Acabamos indo para a Santa Casa de Irati, com alguns alunos, onde temos sido muito bem recebidos. Até temos estágios lá [no Hospital São Vicente], mas numa instituição que vive essencialmente de recurso público, penso que a universidade pública deveria ser prestigiada. Mas não é o que acontece.
Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais, o curso de Medicina da Unicentro tem duração de seis anos. Sendo assim, nos dois últimos anos da graduação, os estudantes precisam cumprir o internato curricular. Dessa forma, eles passam a ter experiência prática do aprendizado com a interação dos pacientes e profissionais de saúde.
A chefe da Divisão de Relacionamento Acadêmico Unicentro-Hospitais, professora e doutora Kelly Holanda Prezotto, informou que somente neste ano, há seis turmas, com os alunos do 5º e 6º anos envolvidos nos internatos. “No entanto, temos enfrentado desafios em relação à disponibilidade de campos para esses internatos, uma vez que a Unicentro não possui um Hospital Universitário próprio, dependendo das instituições da Região para operacionalização”.
De acordo com a professora, o departamento tem ciência que o curso de medicina da Unicentro ocorre com outro curso de outra instituição. Por isso, a situação acabou provocando uma demanda adicional por campos de prática no município, sobrecarregando algumas instituições de saúde locais.
Atualmente, temos implementado dois campos de internato no Hospital São Vicente, com alunos atuando em clínica médica e obstetrícia, além de outros internatos realizados em outras unidades ambulatoriais. Portanto, compreendemos que a manifestação dos alunos do curso de medicina tem relação com a expectativa em ampliar os internatos hospitalares, dada a importância que eles têm para a formação.
Além disso, a Unicentro reafirmou que está em contato com as coordenações de ensino das instituições hospitalares parceiras, “para que juntos possam planejar e atender às demandas dos cursos. Reafirmamos nosso compromisso com a excelência na formação médica e agradecemos a compreensão e colaboração de todos os envolvidos”. O Portal RSN entrou em contato com o Hospital São Vicente, mas até o momento não obteve respostas sobre a situação.
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