22/08/2023
Cotidiano

Após lei de inclusão, surdos defendem criação de escola bilingue

imagem-66823

Esse é o nosso maior sonho. A frase é o denominador comum entre a comunidade de surdos em Guarapuava numa referência à implantação de uma escola bilíngue no município. Para eles a lei que foi sancionada nessa quarta feira (12) pelo prefeito Cesar Silvestri Filho e que institui a linguagem de sinais como forma de comunicação no município, é um avanço para a inclusão. “Mas precisamos que a Libras seja a primeira língua. Que nós surdos possamos ensinar as crianças. Essa é a nossa principal luta e  nunca vamos parar até que a escola passe a existir”, disse Fabielly Kolisnek.

“Eu concordo com ela [Fabielly], pois as crianças tem que aprender a nossa linguagem e isso se consegue em contato com outros surdos, com professores habilitados para que não saiam perdendo”, diz Eliel Machado de Moraes.

Assim como Fabielly e Eliel, outros jovens defendem a criação de uma escola onde a Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) seja a “língua mãe”.

Rafaela Farias Laskoski, 17 anos, cursa o terceiro  ano do ensino médio no Colégio Estadual Antonio Tupy Pinheiro em Guarapuava. Ela perdeu a audição por causa de uma doença degenerativa rápida que a acometeu nos primeiros dias de vida.

Os problemas enfrentados pela adolescente são os mesmos de Daiane do Belem Souza Bastos, 17 anos, que estuda na mesma série de Rafaela. Sem poder ouvir  e com dificuldade na fala, a comunicação com quem não domina a Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) é o maior entrave para a inclusão de deficientes auditivos em qualquer setor da sociedade.

“Não tem como se comunicar sem a presença de um intérprete ou familiar e a falta de comunicação dificulta nosso dia a dia, mas busco alternativas para ter uma vida normal. Como último recurso peço um papel e escrevo”, diz Rafaela.

“As pessoas não me entendem. Se vou ao supermercado tenho que procurar pelos artigos que quero, pegar e ir até o caixa e pagar. Se não acho alguma coisa, a dificuldade aumenta”, diz Daiane.

Para ir à aula as alunas escolheram um colégio que disponibiliza intérprete na sala. “Sofri durante anos numa escola sem intérprete e hoje o meu aprendizado aqui no Tupy Pinheiro é outro. Mas o que precisamos de fato é uma escola bilíngue”, defende Rafaela.

Para as duas alunas o reconhecimento da Libras como meio legal de comunicação e expressão em Guarapuava, é importante para a inclusão dos surdos na sociedade.

“Essa lei é importante, mas os intérpretes precisam ser capacitados. Por isso, vamos continuar lutando por uma escola bilíngue”, afirma Rafaela.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.