As armas apreendidas pelas forças de segurança no ataque a Guarapuava no dia 17 de abril, estão sendo periciadas minuciosamente pela Polícia Científica. As análises serão encaminhadas para o Sistema Nacional de Análise Balística (SINAB). O Paraná é o primeiro estado do Brasil a auxiliar investigações criminais a partir do “DNA das armas”.
No caso de Guarapuava, os bandidos usaram armas de grosso calibre, entre elas .50 BMG, de uso exclusivo das Forças Armadas. Esta é a primeira vez que peritos criminais do Paraná fazem a coleta e a análise científica dos projéteis deste calibre.
Por meio da análise que rastreia munições e a correlação com outros casos para saber se a arma acabou utilizada em outros crimes, a polícia já descobriu a conexão em dois crimes ocorridos em Curitiba.
SINAB
De acordo com a Agência Estadual de Notícias, o SINAB permite que peritos cadastrem os elementos de munição (estojos e projéteis) relacionados a crimes para formação do Banco Nacional de Perfis Balísticos (BNPB). Assim sendo, o modelo automatizado ajuda a rastrear munições e as correlações com outros casos. Isso porque os equipamentos produzem imagem de alta definição de projéteis e estojos encontrados em locais de crime e vão auxiliar, cada vez mais, a análise manual dos peritos.
Desse modo, a lógica é similar ao Banco Nacional de Perfis Genéticos. O programa utilizado pelo Paraná é usado em outros quatro estados (Espírito Santo, Goiás, Pará e Pernambuco) e no Distrito Federal. Contudo, apenas a Polícia Científica paranaense conseguiu resultados concretos.
Conforme as informações, cerca de 77% dos crimes cometidos nas grandes capitais estão relacionados ao tráfico de drogas, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública e pesquisas como o Atlas da Violência, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Por isso, a investigação policial muitas vezes fica refém da prova testemunhal para o indiciamento de um suspeito. Agora, com o novo sistema, será possível apresentar provas materiais, periciadas e irrefutáveis, que colaboram para a decisão judicial dos casos.
CASOS PARANÁ
As munições e armas identificadas pela Polícia Científica do Paraná nos dois casos, estiveram presentes em crimes que tiveram bastante repercussão. Assim, peritos especializados em confronto balístico identificaram a materialidade do crime a partir das armas usadas nas cenas, o que, consequentemente, facilitou a investigação criminal.
De acordo com a polícia, um dos casos está relacionado a uma chacina, ocorrida em fevereiro deste ano, no bairro Portão, na Capital. Sete pessoas estavam dentro de um carro e acabaram baleadas. Câmeras de segurança da Região capturaram toda a ação. Por fim, a execução terminou com a morte de dois adultos e duas crianças. Cinco pessoas acabaram presas relacionados ao caso na ocasião. O material coletado foi periciado e cadastrado no SINAB.
Assim, a arma utilizada neste crime apareceu um dia depois, durante uma perseguição da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Santa Catarina em um caso distinto. Um menor acabou apreendido e um homem escapou na ocasião. Porém, ambos foram detidos na sequência após a emissão de mandados de prisão. A análise balística corroborou a participação deles. Além deste caso, foi possível identificar que essa mesma arma também estava presente em outro homicídio, em setembro de 2021, na Vila Torres.
O outro caso que teve identificação positiva entre a arma e os elementos da munição aconteceu em março de 2021. O caso está relacionado com a execução de um homem em uma academia no bairro Boqueirão, em Curitiba. Graças ao sistema e ao trabalho dos peritos foi possível identificar qual arma foi usada na execução. Por fim, a Polícia Civil continua investigando esse crime. Uma pessoa já foi presa.
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