22/08/2023
Geral

Auditoria aponta sobrepreço e atrasos na entrega de calendários dos Correios

Empresa estatal que promete agilidade em slogans ao estilo "Chega rapidinho" e "Mandou, chegou", os Correios gastaram nos últimos seis anos quase R$ 3 milhões com a compra de calendários de mesa distribuídos a funcionários e clientes com até sete meses de atraso.

Auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) descobriu que a demora recorrente na entrega está combinada ainda ao pagamento de valores mais altos por brindes de qualidade inferior. O contrato para os calendários ano 2013 previa a compra de 2 milhões de unidades por R$ 7,1 milhões. A média até então de unidades compradas era de 200 mil.

Trata-se da maior quantidade já contratada pela empresa, com valor 124,36% superior e material de pior qualidade na comparação com o ano anterior, segundo o relatório da auditoria. Para ter uma idéia, a Caixa Econômica Federal, que tradicionalmente presenteia com calendários, comprou 6 milhões de calendários 2013/2014 (três vezes mais que os Correios) a R$ 6,6 milhões (R$ 1,10 cada). De papel reciclado e com melhor qualidade.

A quantidade comprada pelos Correios, contudo, acabou revista após a CGU constatar que houve fraude na licitação da gráfica contratada para imprimir os calendários. Ao final, o valor pago pelos calendários/2013 foi de R$ 831,4 mil, ainda assim o maior desembolso da empresa pública para esse tipo de compra desde 2008.

A meta para 2014 é gastar ainda mais: quase R$ 1 milhão para enviar de presente 619,2 mil unidades, quantidade acima da média dos últimos seis anos. A empresa garante que desta vez o material vai ser encaminhado com celeridade e chegará às mãos dos destinatários pelo menos até o fim deste mês. "Já está sendo distribuído a todas as Diretorias Regionais e à Administração Central", informa a estatal.

A distribuição dos brindes a clientes, agências franqueadas, funcionários e aposentados se repete como estratégia de relacionamento. Mas, contrariando as juras de pontualidade, alma do negócio de entregas, análise da CGU apurou que a demora e o desperdício têm se incorporado à prática.

Vencedora do certame para os calendários de 2013, a A.R.Ribeiro, do Rio Grande do Sul, apresentou um atestado de capacidade técnica supostamente fraudado. A nota fiscal que comprovaria experiência nesse tipo de serviço foi emitida por uma gráfica ligada à A.R.Ribeiro, pois tinha o mesmo representante legal, e cancelada logo em seguida.

Os auditores registraram ainda que a fornecedora não funcionava no endereço cadastrado e não comprovou ter o maquinário necessário. Por causa das falhas, o contrato teve de ser suspenso quando 237,5 mil unidades haviam sido entregues, ao custo de R$ 831,4 mil. A CGU pediu a abertura de processo para eventual punição à fornecedora. Além disso, cobrou dos Correios explicações sobre a compra em quantidade oito vezes maior que a média de anos anteriores e com preço unitário 124% mais alto.

 Fonte: Estadão

 

 

 

Cristina Esteche

Jornalista

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