Guarapuava – O secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues (foto), e o presidente da Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa), João Lech Samek, estiveram nesta quarta-feira (03), em Guarapuava, no último encontro regional para discussão do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PLERH/PR) com a participação popular. A região é conhecida pelo seu alto potencial hidráulico e grande número de remanescentes de florestas. Um estudo feito na bacia do principal rio da região e um dos afluentes do rio Iguaçu, o rio Jordão, mostra que o rio ainda mantém 50% de cobertura florestal intacta.
Ao todo 86 municípios integram as bacias da região que são a bacia do Médio e bacia do Baixo Iguaçu. A Suderhsa já promoveu encontros regionais em Toledo, Paranavaí, Londrina e Curitiba para ouvir da comunidade, que reside em cada um das 16 bacias hidrográficas do Paraná, estratégias de uso e conservação das águas para os próximos 15 anos.
Esta é uma reunião de trabalho em que vamos discutir o futuro das nossas águas e o mais gratificante é que estamos vendo coisas que não víamos no passado como, por exemplo, a recuperação de quatro mil minas promovida pelo setor produtivo em uma Cooperativa de Cascavel, declarou o secretário. Ele enumerou os avanços garantidos pela Secretaria e pela Suderhsa na gestão dos recursos hídricos no Paraná.
Hoje brigamos para ter qualidade de água nos rios e isso não apenas para termos ictiofauna, mas para salvarmos milhares de espécies, melhorarmos a vazão dos rios, proteger o solo da erosão e também para garantirmos o desenvolvimento econômico nos municípios, disse Rasca. Ele ponderou que toda indústria precisa de água no seu processo produtivo para eliminar seus poluentes. E para receber os efluentes de indústrias os rios devem ter capacidade de diluição a ponto de não matá-lo e não torná-lo um canal de esgoto. E a proteção pode ser feita preventivamente, por isso estamos aqui para discutir o potencial do patrimônio hídrico da região, afirmou o secretário Rasca Rodrigues.
TEMAS DE DISCUSSÃO – Entre os temas discutidos na reunião, estão energia hidráulica, poluição das cidades (Guarapuava, União da vitória e Pinhão), problemas de cheias e o Foz do Areia, em relação à proliferação de algas.
O Plano Estadual de Recursos Hídricos prevê a implementação de 51 áreas estratégicas de gestão. A bacia do Médio Iguaçu contará com três áreas de gestão e a do baixo Iguaçu cinco, incluindo um conjunto de monitoramento e poços piosométricos que aferem o nível de qualidade da água. Todas as estações serão sempre associadas ao tipo de uso da água de acordo com a área estratégica, levando em conta condicionantes como influência de indústrias, cheias, estiagem, entre outras.
Este encontro possibilitará devolver à sociedade os resultados do amplo processo de construção do Plano Estadual de Recursos Hídricos. O Plano será uma ferramenta fundamental para a implementação de programas e ações, bem como para o desenvolvimento econômico aliado ao equilíbrio ambiental. Portanto, não se tornará um plano de gaveta, o que é o mais importante, disse o presidente da Suderhsa, João Lech Samek.
BACIA DO JORDÃO – O coordenador da Bacia hidrográfica do rio Jordão, Mauro Battistelli, conta que um diagnóstico realizado no rio trouxe alguns dados importantes para a discussão do Plano. A população que reside na bacia que é de 230 mil habitantes, dividida em seis municípios.
Para nós este encontro é extremamente válido para garantir água de qualidade para o futuro da população e dos animais, afirmou. Segundo ele, hoje o maior volume de água do rio Jordão é utilizado para a indústria e geração de energia e não para o abastecimento humano, demonstrando o seu potencial.
Isso significa que ainda possuímos água de qualidade e em quantidade. Esta discussão nos ajudará a criar ferramentas e planejar o equilíbrio ambiental das águas na região para os próximos 15 anos, afirmou Mauro
O presidente da Associação dos Municípios Cantuquiriguaçu e prefeito do município de Reserva do Iguaçu, Sebastião Campos, contou que mesmo com todo este potencial, alguns municípios já tiveram falta de água, por problemas diversos e causados por pessoas.
Temos um potencial hídrico que prevê a construção de sete usinas hidrelétricas e ainda assim temos alguns municípios na região onde tivemos que paralisar as aulas. Por isso estamos aqui para ouvir sugestões, aprender e também contribuir com o plano, mencionou.
Já o representante da Organização Não-Governamental (ONG) de Proteção ao Meio Ambiente, Dagoberto Woehl, destacou que a construção do plano com o apoio da sociedade civil está contando com o amparo e conhecimento dos paranaenses. Temos o desejo de que as propostas sejam pró-ativas e participativas, dando um início forte às questões de proteção das águas, reforçou.
Precisamos fazer um pacto com as águas porque o único pecado que não se comete é o pecado da omissão e quem está aqui hoje não está pecando porque está contribuindo com a proteção dos recursos hídricos. Tendo água de qualidade e solo fértil nosso Paraná continuará sendo olhado positivamente pelo mundo inteiro, disse o secretário Rasca Rodrigues.
O Plano de Recursos Hídricos é um dos instrumentos estabelecidos pelas Leis federal n° 9.433/97 e estadual n° 12.726/99, também conhecida como Lei das Águas, na qual ocorre um pacto entre o Poder Público, os usuários dos recursos hídricos (indústrias, irrigação, setor de abastecimento de água, geração de energia) e a sociedade civil (Ongs, sindicatos, universidades, associações comunitárias), para fundamentar e orientar a gestão de águas no Brasil. (AEN)