(*) Dra Ursula Metelmann
Ele é prático e fácil de usar. É capaz de revolucionar a aparência de quem o usa com seus efeitos nos lábios das mulheres. Hidrata, faz volume e está presente em todas as bolsas, em todas as horas. Sim, estou me referindo ao batom, um dos cosméticos mais presentes no universo feminino.
Porém, esse amigo sempre tão presente pode causar problemas para a sua saúde se não for aplicado e manuseado devidamente. Por falta de informação, boa parte das mulheres carrega seus batons para todos os lugares e, por amizade ou solidariedade, os oferecem para amigas sem qualquer distinção.
Esta prática, socialmente muito bem aceita, apresenta alguns riscos de transmissão das chamadas doenças de contato, entre as quais as infecções bacterianas (a candidíase – popularmente conhecida como “sapinho” – e a herpes labial), mononucleose e gengivites.
Não se trata de generalizar quanto a esta possibilidade; porém, é preciso, sim, considerar de forma realista o risco potencial, uma vez que estas infecções, além de atingir uma grande quantidade de pessoas, nem sempre apresentam seus sintomas logo que se instalam nas pessoas. Ou seja, alguém com aparência saudável pode hospedar as tais bactérias.
Porém, o compartilhamento do batom com pessoas infectadas não é a única forma de transmissão de doenças. Por estarem sempre ao alcance das mãos, nas bolsas e bolsos e em todos os lugares, é importante cuidar da higienização deste cosmético e prestar atenção nas mudanças no ambiente.
Nestes casos, aliás, as pessoas que freqüentam múltiplos ambientes com importantes variações de temperatura, devem prestar mais atenção na consistência, cheiro ou cor do produto, descartando-o em caso de alterações perceptíveis.
A higiene dos batons em massa (bastão) deve ser feita toda vez que ele for utilizado, com o auxílio de papel toalha, atentando-se para a retirada da camada que fica por cima e, também, das laterais.
Os batons na forma de gloss são de difícil conservação e limpeza e de maior risco de contaminação, pois logo após o uso são mergulhados novamente no frasco, contaminando todo o seu conteúdo. Mesmo assim, dentro do possível, devem ser higienizados com papel toalha, lavados com shampoo sem sal, seguido de condicionador, deixando-os secar naturalmente. O uso de secadores é proibido.
Já para os batons de paletas (aqueles encontrados em potinhos), a recomendação básica é para a remoção da primeira camada com papel toalha e, o mais importante, nunca se utilizarem os dedos para a aplicação; mas sim, com o auxílio de pincéis (que deverão passar pelo mesmo processo de higienização descrito acima).
Para que o batom mantenha suas propriedades e produza os efeitos desejados como um dos cosméticos mais utilizados em todo o mundo, é importante que observe, nas embalagens, os prazos de validade. E sejam conservados em ambientes secos.
Finalmente, nas lojas de cosméticos, ao experimentar um batom ou outros produtos de maquiagem, é importante exigir pincéis e auxiliadores descartáveis.
Quanto aos sintomas de uma eventual contaminação, de uma forma geral, combinados ou de forma individual, verificam-se vermelhidão da pele, inchaço e dor local, bolhas e secreções, são indicações da ocorrência de alguma das doenças transmissíveis no organismo.
Nestes casos, torna-se imprescindível procurar um diagnóstico médico feito por um especialista credenciado por sua respectiva entidade de classe, como a regional paulista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Lembrando que a auto-medicação pode aumentar a resistência de fungos e bactérias, complicando ainda mais o quadro e agravando as doenças.
(*) Médica Dermatologista e membro da Regional de São Paulo da Sociedade Brasileira de Dermatologia