O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, está cursando teologia mesmo preso na Penitenciária Federal de Catanduvas, no oeste do Paraná. Beira-Mar foi condenado a 200 anos de prisão por crimes cometidos fora e dentro da detenção. Os custos estão sendo cobertos pela Igreja Batista do Bacacheri, em Curitiba.
De acordo com o administrador, Francisco Sales Gomes Neto, a instituição decidiu pagar a faculdade de teologia por acreditar que qualquer pessoa pode ser transformada. “Nós cremos realmente em Deus e na restauração de qualquer ser humano. Faz parte da nossa missão, dar o recurso para ele e qualquer outro fazer o curso”.
O pedido para fazer o curso partiu do próprio traficante, que faz trabalhos sociais junto aos presos de Catanduvas. O curso de teologia é à distância e oferecido pela Faculdade Teológica Batista do Paraná, ligada à igreja que financia os estudos.
Mesmo preso
O traficante não tem acesso a internet e as apostilas semestrais serão enviadas até o presídio. Quando houver a necessidade de aula presencial e aplicação de provas, será feito um sorteio entre os professores da faculdade para se dirigirem até Catanduvas. As disciplinas são divididas em eixos interdisciplinares – filosófico, histórico, social, metodológico, teológico, bíblico e sociopolítico.
De acordo com a instituição, para ser aprovado no vestibular Beira-Mar fez uma redação com base em uma reportagem sobre extremismos religiosos no Brasil e tirou 7,4. A mensalidade do curso pago pela igreja custa R$ 242 por mês. O Departamento de Execuções Penais (Depen) informou que a cada 12 horas de estudo, o preso tem direito à reduzir em um dia a pena, conforme a Lei n.º 12.433/2011. O tempo do curso é de 3.180 horas e será concluído em quatro anos.