Ficam as ideias, as impressões e suas expressões. Belchior tinha gestos de pássaros e um canto torto que ressoava pelos ares de forma retįlínea e embevecida. Tive o privilégio de, depois de curtir uma de suas belas apresentações, compartilhar de suas ideias num bate-papo descontraído regado a vinho e pizza num boteco em Ponta Grossa. Acho que foi em 2003. Eu era diretor da TV Educativa de Ponta Grossa. Ele nos estimulou a criar um selo da TV para apoiar os artistas regionais. Era um peregrino cultural que se colocou contra a indústria fonográfica que explora a criatividade dos artistas. Por isso, apostou na produção independente. Frustrou-se. Sem muitos aliados sucumbiu à própria sorte e se afastou do convívio social. Sua poesia, no entanto, conviverá por muito tempo na mente e no coração daqueles que embalam a vida com a melodia da liberdade.
(*) Luiz Fernando Esteche é jornalista e também graduado em marketing