O Brasil registrou no ano passado o menor número de focos de incêndio desde 2000, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ao longo de 2013, foram detectados por satélite 115 mil pontos de calor. Esse número também é 40% menor que o verificado em 2012 (194 mil).
Para o pesquisador Alberto Setzer, responsável do Inpe pelo monitoramento de queimadas no país, três fatores podem explicar o dado: o alto índice de chuvas, a situação econômica desfavorável e uma maior fiscalização.
"O ano de 2013 foi bem mais chuvoso que 2012 e outros anos. Quando há uma maior precipitação, ficam diminuídas as condições para uso e propagação do fogo", diz. "Além disso, a gente tem observado que em anos em que a situação econômica é favorável, quando há crescimento, seja pela exportação de soja ou de alguma outra atividade em alta, o número de queimadas e o desmatamento tendem a crescer, já que pessoas tentam aumentar a produção para se beneficiar. Não foi o caso do ano passado, em que todos estavam um pouco com o ‘pé atrás’.”
Segundo o pesquisador do Inpe, o cerco maior das autoridades também foi fundamental. “Obviamente quando as instituições estaduais e federias ligadas ao meio ambiente estão mais ativas no controle, cai o uso do fogo, já que ele é indevido, ilegal. E houve mais campanhas educativas e uma fiscalização mais intensa.”
O Pará foi o campeão de focos: 20.542. Logo atrás ficou o Mato Grosso, com 17.823. O Maranhão, que em 2012 encabeçava a lista, diminuiu quase pela metade os registros: de 31.594 para 16.191 no ano passado.
2014
As altas temperaturas registradas neste ano devem favorecer novamente um aumento na estatística. Foram registrados em janeiro 2.634 focos, um aumento de quase 30% em relação ao mesmo mês do ano passado (2.049). Parte dos incêndios ocorreu em Mato Grosso (315), Pará (251) e Maranhão (195). O mês, no entanto, não costuma ser o que mais registra ocorrências. Historicamente, agosto, setembro e outubro concentram a maioria dos focos.