22/08/2023
Política

Burko volta a levantar suspeitas contra licitações do lixo na Grande Curitiba; citados reagem

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Guarapuava – O presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Vitor Hugo Burko,
voltou a levantar suspeitas contra a licitação do lixo em Curitia e municípios da região metropolitana.
O ex-prefeito de Guarapuava não poupa nem mesmo o superintendente do Ibama no Paraná, José Álvaro Carneiro; e a atuação do Ministério Público Estadual e Federal.
Depois de ter levantado as possíveis irregularidades em entrevista concedida à repórter Denise Melo da Rádio Banda B,Burko desafia empresários e lideranças políticas também pelo jornal Gazeta do Povo. Ele disse que está coletando provas e que vai solicitar investigações.
Segundo a GP, Burko desconfia de que a licitação para a escolha da empresa que fará a coleta e o aterro do lixo da Grande Curitiba foi direcionada para beneficiar o consórcio Recipar, que venceu o processo licitatório, encerrado em 10 de dezembro. “Parece que algumas forças agem no sentido de fazer pressão para que essas empresas (formadoras do consórcio) tenham certas facilidades”, disse ele.
Por meio de nota, o Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos, que inclui a prefeitura de Curitiba e de outras 18 cidades da região metropolitana, rebateu as acusações, dizendo que a licitação do lixo foi pública e transcorreu com transparência. O consórcio classificou as denúncias de “levianas, feitas num momento de agonia e desespero”.
Outra manifestação sobre o caso foi feita pelo Ministério Público do Paraná, dizendo que a condenação de Burko não teve relação alguma com a licitação do lixo de Curitiba, mas que se trata de objeto de um processo regular, onde se respeitou a ampla defesa e o contraditório – e cuja ação passou por várias instâncias da Justiça brasileira. Já o Ministério Público Federal informou que o procurador federal de Paranaguá acusado por Burko só vai se manifestar nos autos.
O superintendente do Ibama no Paraná, José Álvaro Carneiro, avaliou que as acusações feitas pelo presidente do IAP contra ele são uma tentativa de desviar o foco das atenções. “Isso é mentira (a acusação de Burko de que Carneiro teria tentado liberar a ampliação da Caximba)”, disse o superintendente, que deixou ontem o cargo por motivos pessoais. “Acho triste que o Burko use desse expediente, de atacar para desviar a atenção ao fato.”
Carneiro disse também que não tem e não teve nenhum interesse particular na licitação do lixo e que “não conhece nem as pessoas que ganharam nem as participaram do processo licitatório”.
Segundo ele, a direção do IAP estava fazendo “vistas grossas ou o IAP está muito desestruturado”, acusou. Carneiro lembrou duas recentes operações da Polícia Federal (PF) – a Angustifolia, sobre desmatamento, e a Juçara, que desmantelou uma quadrilha acusada de corte ilegal de palmito juçara no litoral. “Nessa Operação Juçara inclusive um funcionário do IAP foi preso”, disse. “E na outra (operação), em todas as áreas que ficou comprovado desmatamento, havia autorizações do IAP, o que demonstra que a direção do (IAP) estava de certa forma em estado letárgico,” disse à GP.
As acusações de Burko envolvem também a prefeitura de Curitiba. O presidente do IAP diz que a prefeitura “tomou as dores” da empresa vencedora durante o processo licitatório. “O Tribunal de Contas (do Estado) é totalmente contra. O sistema deles não é adequado, o preço deles não é o ideal e mesmo assim eles acabam ganhando. A prefeitura tomou as dores dele contra outras empresas. Quer dizer, a prefeitura entrou com uma ação (na Justiça) defendendo os interesses dessa empresa.”
Burko disse ainda ter sofrido ameaças e tentativas veladas de suborno durante a discussão da ampliação do Aterro da Caximba – necessária para que o lixo da Grande Curitiba tivesse onde ser depositado até que o espaço de Mandirituba esteja pronto. Burko preferiu não citar nomes de quem teria tentado fazer isso, mas disse que a tentativa partiu de um grupo de empresários.
Burko entende que a sua condenação judicial, em ação proposta pelo Ministério Público Estadual, é uma retaliação por causa de sua conduta em relação ao lixo da Grande Curitiba. Ele diz que “forças poderosas” se uniram contra ele por causa dessa questão.
Ele deverá ser exonerado do cargo que exerce; vai pagar pena com prestação de serviço à comunidade durante 8 horas por semana, além de multa, e ainda perderá os direitos políticos por cinco anos.
Tudo isso porque quando era prefeito de Guarapuava entre 1997 a 2004, contratou 30 funcionários sem concurso público. Sua demissão do IAP ainda não ocorreu porque o governo não foi notificado da decisão.
Burko disse ainda que vai solicitar à Polícia Federal investigação da conduta de um procurador federal de Paranaguá. Segundo o presidente do IAP, esse procurador teria ligações com uma empresa que tem terminais privados de armazenagem de produtos em Paranaguá. Esse membro do Ministério Público Federal (MPF) teria agido para beneficiar a empresa ao entrar com ações judiciais que atrasaram o licenciamento do terminal público do porto.
Eme nretvista à GP, Burko voltou a acusar o procurador de insistir para que ele fosse grampeado pela PF durante a Operação Juçara – que investiga o corte ilegal de palmito no litoral. Burko não entende qual é o interesse que o procurador tem em investigar sua vida. “Estou requerendo à PF que apure para saber se há algum interesse pessoal desse procurador.”
Burko ainda ameaçou fazer novas revelações. “Há novas denúncias que virão à tona nos próximos dias. Estou reunindo provas.” Questionado sobre o motivo de só ter feito as denúncias após a decisão da Justiça, Burko disse: “Só agora percebi o grande esforço de forças poderosas para me tirar do IAP”.

Com informações do jornal Gazeta do Povo

Cristina Esteche

Jornalista

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