22/08/2023
Cotidiano

Cantoria e fé são as marcas da procissão do Divino na Vila Bela

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+ Folia do Divino toma conta do Calçadão neste sábado em Guarapuava

Por Cristina Esteche

A cantoria, os fogos de artifícios e as luzes das velas iluminaram a noite escura fazendo aparecer o vermelho e branco das vestes e as fitas coloridas penduradas nos chapéus dos foliões. Se a procissão chamou a atenção de que não sabia do que se tratava, para a maioria da comunidade, era algo esperado e com preparativos.

Nas vilas, desde a Capela do Divino Pai Eterno no Alto Cascavel até a Matriz do Divino Espírito Santo, na Vila Bela, famílias se uniram com vizinhos e enfeitaram altares para receber a “Bandeira do Divino”. O símbolo, de acordo com Maria Denise de Oliveira Caetano, uma das coordenadoras da Festa do Divino, leva abundância, saúde e união às famílias que visita.

“Minha esposa fez o altar com a imagem da Sagrada Família. A visita do Divino traz muitas graças. No ano passado uma das nossas filhas tinha sofrido um aborto e neste ano ela está aqui com  um filhinho nos brações, o João Miguel”, afirmou Miguel Cesar Bassani. O altar foi montado em frente a oficina mecânica da família, na Avenida Moacir Silvestri.

Maria Rita do Nascimento contou com o apoio profissional da Carla Festas para montar um grande altar com balões coloridos em frente à casa onde mora, na Vila Bela. Vizinhos, parentes, amigos, enfrentaram o frio da noite de domingo (18) para esperar os foliões. Quando ouviram a cantoria, rojões foram soltos para saudar o Divino. “A benção é muito bonita e a minha família tem muita fé no Divino. Vamos agradecer pelas muitas graças recebidas”, afirmou.

Ao contrário do que manda a tradição em muitas regiões brasileiras, em Guarapuava os foliões não entraram nas residências e os participantes simbolizaram os apóstolos. Porém, as pessoas disputavam um momento para pegar ou beijar a bandeira numa demonstração de fé.

Na Igreja Matriz uma multidão lotava a nova igreja à espera da procissão que aumentava com a adesão de fieis durante o percurso.

Crianças entre quatro e nove anos de idade, vestidas de anjos, formaram um corredor para que o andor com o Divino e as bandeiras passassem, enquanto os fieis cantavam. “São as 40 crianças da catequese”, disse a coordenadora Margarete Senk.

No interior do templo, um coral com sanfona, tambores, viola e demais instrumentos e várias vozes dava um tom especial à celebração religiosa. Quando as bandeiras entraram anunciando a chegada do andor, seguida pelos anjos, o cheiro de incenso e mirra tomaram conta do ambiente, intensificando as demonstrações de louvor.

“A nossa celebração, a nossa vestimenta com as cores do Divino Espírito Santo (vermelho e branco) servem para demonstrar a nossa alegria e a nossa fé. Somos em 46 foliões”, disse Neuza Aparecidas Barbosa, cujo esposo, filhos e netos fazem parte do coral.

Para o padre Rodrigo, que atua na Paróquia junto com o padre Rogério de Mello, a colaboração do tempo durante os seis finais de semana da procissão, foi uma benção divina. “Até o céu contemplou a passagem do Divino”, afirmou durante a pregação. Para ele, foi a caminhada da unidade, da união paroquial.

Ao final da celebração, uma bandeira foi sorteada e teve como merecedora a adolescente Gislaine Nicolau, 16 anos. Durante o ritual de entrega do estandarte e a substituição no mastro por outras que vai permanecer na igreja, a adolescente assumiu o compromisso de visitar sete pessoas por mês levando a bandeira, até o final da sua vida. “Vou assumir esse compromisso e a primeira que vou visitar vai ser a minha tinha Jaqueline que está grávida de gêmeos”, afirmou.

Cristina Esteche

Jornalista

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