sábado, 21 de jun. de 2025
Blog da Cris Guarapuava

Cenário de rejeição a Lula aponta desafios para o governo

Conforme o levantamento, a desaprovação da atual gestão de Lula alcançou 54% da população brasileira, enquanto a aprovação ficou em 40%

Presidente Lula (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A rodada da pesquisa Pulso Brasil, divulgada nesta quarta (21) pelo Instituto Ipespe, confirma um cenário político de desgaste para o governo Lula. Conforme o levantamento, a desaprovação da atual gestão alcançou 54% da população brasileira, enquanto a aprovação ficou em 40%. Os números mostram uma oscilação negativa de um ponto percentual em relação à pesquisa anterior, feita em março, quando Lula tinha 41% de aprovação.

Embora a variação seja estatisticamente discreta, o dado mais relevante é a manutenção da maioria da população em um patamar elevado de desaprovação. Estou levando em consideração a margem de erro de dois pontos percentuais. Essa estabilidade negativa sugere que, até o momento, as ações do governo não têm conseguido reverter a insatisfação popular.

O levantamento, de acordo com o Instituto, ouviu 2,5 mil pessoas em todas as Regiões do país entre os dias 14 e 19 de maio. O nível de confiança é de 95,45%. Apenas 6% dos entrevistados não souberam ou preferiram não responder à pesquisa.

A economia como principal vetor de insatisfação

Desde março, a pesquisa já apontava um dado preocupante para o Planalto: 58% dos brasileiros acreditam que o país está no caminho errado, enquanto apenas 35% veem a economia como orientada na direção certa. Esse pessimismo econômico é um dos principais motores da rejeição ao governo Lula.

Apesar de algumas medidas de caráter social e econômico implementadas ao longo dos últimos meses, a percepção popular ainda está marcada pela inflação persistente, pela dificuldade de retomada do crescimento em setores estratégicos e pelos gargalos administrativos, como a crise no INSS. Tema que, segundo apurações recentes, tem preocupado o próprio Palácio do Planalto.

Resistência ao discurso oficial

Outro ponto importante revelado pela pesquisa é que a desaprovação ao governo Lula permanece praticamente inalterada desde março. Isso mesmo diante de movimentações políticas, anúncios e esforços de comunicação oficial. A permanência dos 54% de rejeição indica que, para uma parcela expressiva da sociedade, o governo atual ainda não apresentou soluções convincentes para os problemas mais sentidos pela população.

Essa estabilidade também pode ser interpretada como resistência ao discurso oficial. Principalmente entre setores mais críticos ao governo ou alinhados com a oposição, que têm se mostrado mais coesos e mobilizados em redes sociais e nos meios tradicionais de comunicação.

O desafio do Planalto: reconquistar confiança e alterar expectativas

De acordo com fontes deste blog em Brasília, o Planalto analisa cuidadosamente o impacto dessas pesquisas. Especialmente considerando que a popularidade presidencial é um ativo fundamental para a construção de governabilidade e apoio no Congresso.

O desafio colocado para Lula, neste momento, no entanto, é duplo: reconquistar a confiança de parte do eleitorado que, em algum momento, votou nele, mas hoje se encontra decepcionado; e, simultaneamente, alterar a percepção generalizada de que o país segue no “caminho errado”.

Medidas recentes, como a instituição do ‘Dia do Brega’ e condecorações a figuras públicas como Milton Nascimento e Mano Brown, são iniciativas que buscam reforçar a imagem simbólica do governo. Entretanto, como apontam os números, questões de ordem prática, especialmente as ligadas à economia, parecem pesar mais na avaliação popular.

Perspectivas

O cenário ainda é dinâmico e pode mudar ao longo dos próximos meses, especialmente com a evolução de indicadores econômicos e o impacto de políticas públicas que estão sendo implementadas. No entanto, a manutenção de um patamar elevado de desaprovação, acima dos 50%, sinaliza que o governo Lula terá de empreender esforços significativos para reverter a tendência negativa, principalmente se quiser chegar a 2026 com um capital político robusto.

Enquanto isso, o campo oposicionista se fortalece, encontrando na desaprovação ao governo um discurso que reforça suas pautas e amplia sua base de apoio. O jogo político, como sempre, continua em aberto, mas a pesquisa do Ipespe serve como um importante termômetro para os próximos movimentos do presidente e equipe.

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Cristina Esteche

Jornalista

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