22/08/2023
Geral

Cesar Filho critica especulação imobiliária e diz que está disposto a tomar medidas drásticas

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O prefeito de Guarapuava Cesar Filho não poupou criticas aos proprietários de terrenos urbanos que utilizam essas áreas para especulação imobiliária e anunciou que a administração municipal vai implantar o imposto progressivo, a partir de junho deste ano,  para forçar a utilização da propriedade para fins sociais. O posicionamento do prefeito aconteceu durante a abertura da V Conferência Municipal das Cidades, na noite desta quarta-feira (15), no Salão Nobre da Faculdade Campo Real. De acordo com Cesar Filho, o custo elevado dos terrenos está inviabilizando projetos habitacionais para família de baixo poder aquisitivo no município. A meta da Prefeitura é construir duas mil casas, podendo, se possível, atingir até três mil unidades ao final deste mandato.

“Temos instrumentos de políticas públicas para serem implantadas, mas que estão sendo inviabilizadas pelo custo inflacionado dos terrenos que são muitos e que estão nas mãos de poucos”, afirmou. “Na implantação do imposto progressivo, primeiro o proprietário será notificado, terá um ano para apresentar o projeto, dois para executar e, se não cumprir, o valor do imposto  vai sendo dobrado ao longo de cinco anos e a dívida serão tamanha que poderemos desapropriar a área”, avisou.

De acordo com o prefeito, a administração municipal está disposta a enfrentar temas que são “espinhosos, difíceis,  impopulares e que podem levar ao desgaste político”, dede que as propostas de reforma urbana sejam acolhidas pela sociedade civil organizada. “Está na hora da sociedade participar, fazer a sua parte. Vamos tomar medidas que contrariam interesses econômicos”, propôs.

Segundo Cesar Filho, Guarapuava é a única cidade polo de uma região que compõe o G100, ou seja, municípios com renda per capita inferior. “A nossa renda per capita é de R$ 1,1 mil quando Toledo é R$ 3,4 mil”, exemplificou. “Até quando vamos dormir em berço esplêndido sobre áreas que são usadas para a especulação imobiliária?” criticou. "Se houver barateamento no valor dos terrenos, vamos construir moradia digna para as famílias onde há infraestrutura, perto de creche e isso se torna mais econômico para o município, oferece mais dignidade para as pessoas".

Outro tema classificado como “espinhoso” e que deverá ser debatido durante a Conferência, por sugestão do prefeito, são as áreas ociosas pertencentes ao Exército Brasileiro em pleno “coração da cidade”, nas proximidades da Lagoa das Lágrimas.  “Essa é uma proposta que deve ser debatida na Conferência Estadual para que componha as propostas para a Conferência Nacional para que o Governo  perceba esse problema. Os comandos atual e anterior são favoráveis à venda, mas a 5ª. Região não vê isso como prioridade”, observou.

A falta de construção e de recuperação de calçadas também foi apontada pelo prefeito como proposta prioritária para ser abordada durante a conferência que continua nesta quinta-feira (16). “Será que todos os prédios públicos possuem calçadas? Será que os proprietários estão construindo calçadas em frente de casa? Será que as calçadas permitindo a mobilidade de cadeirantes? Essa é uma atribuição do proprietário e não da Prefeitura. Não fazem calçadas e ainda deixam o mato tomar conta dos terreno permitindo a proliferação de insetos, de ratos, escorpião”, diz. O prefeito disse ainda que é contrário à Surg realizar esse trabalho e lançar a cobrança no IPTU. “O IPTU é lançado uma vez por ano. Se a Surg tiver que executar esse serviço de atribuição privada o proprietário terá que pagar no dia seguinte e muito caro para assumir a sua responsabilidade”, falou.

“Quero ver essas propostas endossadas pelos senhores. Vamos enfrentar isso juntos, criar critérios justos, porque não é certo a Prefeitura assumir uma responsabilidade que não é dela. Vamos construir a cidade que queremos, promovendo a reforma urbana já como propõe o tema da conferência. A base da construção de Guarapuava está no solo e esse solo é o povo”, afirmou.

Cristina Esteche

Jornalista

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