Se até dezembro de 2020, as chuvas registradas em Guarapuava e Região ajudaram as lavouras a se recuperarem da maior estiagem da história do Paraná e ainda a reabastecer rios e vertentes, o volume registrado neste começo de 2021 já traz prejuízos para a agricultura na Região.
Isso porque o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) apontou que janeiro, bateu a meta histórica de chuvas em Guarapuava. Se em janeiro de 2020, a precipitação acumulada era de 97,4 milímetros, janeiro deste ano encerrou com índice de 252,4 milímetros. Entretanto, a média na Região é ainda maior: 285,5 milímetros. Até então o recorde para o período era 202,6 milímetros.
FEIJÃO E MILHO
Conforme Dirlei Antonio Manfio, técnico agropecuário do Núcleo Regional de Guarapuava, que pertence à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a lavoura de feijão foi a mais afetada neste período.
Isso porque mesmo com aproximadamente 80% das áreas colhidas, parte destas áreas apresentaram redução na qualidade do produto, e o produtor acaba recebendo menos pela saca.
Dos 20% da área não colhida, metade já é considerada totalmente perdida. A outra metade que estaria no campo, mas comprometida na qualidade, ainda corre o risco de não conseguir realizar sua colheita, pois as chuvas, ou melhor, as pancadas de chuvas continuam ocorrendo de forma irregulares.
E a chuvarada acima da média ainda atingiu de formas diferentes outras lavouras. De acordo com Manfio, nas plantações de milho os maiores danos ocorridos na Região foram provocados pelo intenso ataque de pragas. Dentre elas a cigarrinha, pois com as constantes chuvas, não foi possível fazer aplicações de defensivos na lavoura.
Assim conforme o técnico agropecuário do Núcleo Regional de Guarapuava, as primeiras lavouras que estão sendo colhidas, estão apresentando quebra de produtividade e elevado índice de milho ardido. “A colheita ainda é muito pouca, pois a umidade existente no campo está impedindo de avançar adequadamente”.
SOJA
Com a soja não foi diferente. Os incidentes decorrentes das chuvas registrados durante 22 dias praticamente contínuos, impossibilitaram a entrada nas lavouras para os tratos de culturas. Isso afetou diretamente a proliferação do mofo branco e ferrugem asiática. De certa forma deve afetar a produtividade.
“Mas só teremos dados concretos quando começar a colheita. A princípio, não deverá perder tanto pois as lavouras da Região são cultivadas mais tardias, exceto as variedades mais precoces”.
MARACUJÁ
A maior área cultivada de maracujá fica no município de Prudentópolis. O excesso de chuva de dezembro e janeiro, atingiu em cheio uma das floradas, provocando o abortamento, o que sinaliza uma redução de até 20% na produção de frutos neste ano.
OLERÍCOLAS
Conforme Manfio, as chuvas ainda causaram prejuízos em praticamente todas as olerícolas folhosas (hortaliças) cultivadas a céu aberto. Algumas áreas de tomate rasteiro também devem ter perdas, tanto na quantidade como na qualidade.
PASTAGENS E ESTRADAS RURAIS
A água foi benéfica devido a estiagem anteriormente. Contudo, com os dias contínuos de chuva, houve pouca luminosidade. “Isso manteve o pasto sempre úmido, o que acaba sendo prejudicado pelo próprio pisoteio do gado. Isso pode até mesmo impactar na produção de leite, devido o estresse do rebanho”.
De acordo com o técnico agropecuário, o excesso de chuva prejudicou praticamente todas as estradas rurais. Reflexo direto no transporte, principalmente do leite, madeiras e das culturas que estão sendo colhidas: batata inglesa e feijão.
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