22/08/2023
Comunidade Cotidiano Em Alta Guarapuava

Coletivo (R) Existir surge e cobra políticas públicas para LGBTQIAPN+

Coletivo que tem assembleia nesta quinta (20), às 18h, denuncia ataques, ameaças e descaso institucional contra universitários

Mery e Carol (Foto: Rainn Belo/RSN)

Assassinatos sem solução, ameaças de morte, descaso institucional e ataques de grupos extremistas se resumem em uma única palavra: homofobia. De acordo com um dos coletivos de Guarapuava, o (R) Existir, atualmente, a população LGBTQIAPN+ se encontra em uma situação de vulnerabilidade. Isso porque até mesmo no âmbito educacional é possível encontrar traços de LGBTfobia.

De acordo com ativistas do movimento, a Unicentro vem sendo palco de ataques homofóbicos. São cartazes com ameaças de morte, agressões verbais e duas células que se denominam ‘nazistas’. A intolerância religiosa também se faz presente na universidade. Por conta disso, lideranças LGBTQIAPN+ ficaram caladas. Mas apenas até a ‘Poeira abaixar’, conforme a advogada do coletivo, Carolina Gotardo Côrrea.

“No entanto, vimos que não tem como fugir da causa. Precisamos lutar por nossos direitos como cidadãos que somos”. Conforme a advogada, há falta de políticas públicas que tratem da inclusão no mercado de trabalho. “Somos discriminados pela nossa aparência, pela nossa orientação sexual. Nem mesmo a Universidade nos trata como acadêmicos que somos. Desisti de uma segunda graduação por causa do descaso como fui tratada”. Conforme Carolina, a própria polícia e as instituições de ensino não estão preparadas para tratar dessa questão.

Assim sendo, nesta quinta (20), às 18h, no Centro Acadêmico do curso de Assistência Social da Unicentro, uma assembleia cria o (R) Existir. Conforme a ativista Merydiane Pinheiro, trata-se de uma dissidência do Bajubá, coletivo que hoje encontra-se desativado. “Estávamos órfãos”. O movimento se organiza para lutar por políticas públicas”.

Entretanto, o combate à  discriminação esbarra na falta de comprometimento dos governos locais. De acordo com a Agência Brasil, das 27 unidades da Federação, 19 não têm um plano ou programa específico para essas pessoas.

INVISIBILIDADE

Para se ter uma ideia dessa invisibilidade, conforme o levantamento do Programa Atenas, em 2022, apenas 52% das unidades da Federação têm leis para nome social de transexuais e travestis. E ainda, 51% estabelecem penalidades administrativas por preconceito de sexo e orientação sexual.

Outras medidas são adotadas em escala ainda menor. Apenas 29% das unidades da Federação proíbem financiamento público a espetáculos LGBTIfóbicos, 27% adotam identidade social para transexuais e travestis. Somente 11% reconhecem oficialmente entidades históricas no enfrentamento da LGBTIfobia. O Paraná figura na 18ª posição e Guarapuava insere-se nesse contexto.

DOSSIÊ e PARADA GAY

Um dossiê elaborado pelo coletivo (R) Existir traz casos de LGBTfobia dentro da Universidade. Relembra também assassinatos não solucionados e já prescritos. O Portal RSN tentou contato com o departamento que presta atendimento ao aluno da Unicentro, sem êxito.

Mas para trazer tudo isso à tona, o (R) Existir organiza a I Parada Gay em Guarapuava. Será no próximo dia 29, das 14 h às 18h, em frente à Unicentro, no bairro Santa Cruz.

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Cristina Esteche

Jornalista

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