(i)
Uma convicção ideológica prematuramente assumida em tenra idade como sendo uma verdade etérea, que paira acima da gravidade dos fatos, é um veneno gregário violentíssimo, capaz de tornar até mesmo a alma mais gentil numa figura moralmente disforme e intelectualmente obtusa.
(ii)
Uma das coisas mais escandalosas de nossa época é o fato de vermos inúmeras pessoas externando, através dos mais variados meios, as mais desbaratadas opiniões sem ter ao menos lido um único livro sequer sobre o assunto. E o pior nisso tudo é que essas almas perturbadas ainda creem que todos aqueles que não estão de acordo com elas são alienados. Que dó.
Enfim, são essas mesmíssimas pessoas que se intitulam portadores da tal “consciência crítica” que rotulam os discordantes com os mais variados rótulos difamantes como… bem, melhor deixar esse ponto de lado, porque aí a lista iria longe e, como todos sabem, tais rótulos não tem nenhum significado que valha algo, que vá além da manifestação de um beicinho revolucionário mimado.
(iii)
Quanto menos referências uma pessoinha tem, mais convicta ela é de que suas sandices são dignas de apresso, apesar dela, com sua ignorância voluntária, não nutrir o menor amor e respeito pelo conhecimento daquilo que ela diz tanto amar.
(iv)
Quando mais ignorante for um sujeito, mais presunçoso o seu coração é. Quanto mais ideologicamente deformado for o presunçoso coração, mais petulante e ressentido é o fingimento manifesto pelo sujeito ignorante.
(v)
Evidência que, mais de uma vez, tristemente constatei: quanto mais convicta uma pessoa é de que os estereótipos e cacoetes mentais são uma expressão cristalina da verdade, menos contato essa criatura infeliz tem com a realidade e, é mais que provável, que ela nunca tenha lido nada, nem um livro sequer, sobre as sandices ideológicas que ela, uma pobre alma desorientada, tão convictamente defende.