22/08/2023
Economia

Com recorde de exportações, frigoríficos contratam 30% mais

Enquanto a economia brasileira encolhe, a indústria de carnes do Paraná bate recorde de produção, exportações e geração de emprego. No primeiro semestre, os frigoríficos do Estado contrataram 30% mais na comparação com igual período do ano passado, chegando a um saldo positivo de 5.491 postos de trabalho. 

Os dados se referem ao abate de aves, suínos, reses e pequenos animais e são de um levantamento do realizado pelo Observatório do Trabalho do Paraná da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social com base nos números do Ministério do Trabalho e Emprego. 

"O agronegócio paranaense, de uma forma geral, está reagindo positivamente à retração da economia. E o setor de carnes, em particular, mostra uma pujança que não nos surpreende, pois em grande parte ela resulta dos investimentos recentemente realizados por empresas, produtores e coooperativas", declarou o governador Beto Richa. 

Segundo Richa, "é essencial que o Estado continue atuando em duas frentes distintas para apoiar o desenvolvimento da agropecuária: o investimento na infraestrutura, que reduz os custos de produção, e a intensificação do processo de industrialização, impulsionado pelo programa Paraná Competitivo". "O que fará a diferença, em favor do nosso produtor, é que a agroindústria amplie cada vez mais o valor agregado de sua produção, seja aquela voltada ao mercado interno ou aquela destinada às exportações", disse ainda o governador. 

A região Oeste, com forte atuação na avicultura voltada para exportação, foi a que mais gerou emprego no setor, com 47,5% das contratações no primeiro semestre. A região Noroeste ficou com 18,7% das vagas. Em terceiro lugar veio o Norte Central, com 9,76%. 

A previsão de empresas do setor é que o segundo semestre continue com ritmo forte de contratações nos frigoríficos. Pelo menos três empresas do setor já programam a contratação de 1,5 mil pessoas no interior do Estado. 

“Políticas públicas bem planejadas, investimento em oportunidades e a energia e confiança do setor abrem o caminho do emprego e de negócios de sucesso”, diz a secretária do Trabalho e Desenvolvimento Social, Fernanda Richa. “A consequência é o impacto social positivo nessas regiões, onde a distribuição de renda chega a todos as áreas.” 

O Paraná é hoje o maior produtor e exportador de frango do País, responsável por 34% dos embarques da avicultura brasileira. “O setor vai a galope em um momento que a economia brasileira vive um cenário cinzento”, diz Domingos Martins, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar). A previsão, de acordo com ele, é que, dentro de cinco anos, o Paraná responda por 50% das exportações brasileiras de frango. 

COMPETITIVO

De acordo com Júlio Suzuki Júnior, presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes), o Paraná tem a vantagem, frente a outros Estados, de ser muito competitivo em um segmento intensivo em mão de obra como o de carnes. “A avicultura paranaense ganhou espaço ao combinar a farta produção de grãos, que se transformam em insumos, com uma indústria eficiente e que investe em tecnologia para alcançar os mercados internacionais”, diz Júlio. 

A cadeia paranaense da avicultura abate cerca de 1,6 bilhão de aves por ano. O Valor Bruto da Produção (VBP) do frango de corte foi de R$ 10,2 bilhões em 2014. O setor gera 50 mil empregos diretos e cerca de 500 mil indiretos 

Na suinocultura, o Paraná é o terceiro maior produtor brasileiro e quarto colocado na exportação, com a produção de 611,2 mil toneladas em 2014 e geração de 200 mil empregos diretos. 

“O que se observa é uma concentração da geração de vagas em municípios cuja produção é voltada para exportação”, diz Juliano Antonio Rodrigues Padilha, economista do Observatório do Trabalho. Municípios como Cafelândia, Palotina e Matelândia, no Oeste do Estado, foram destaque na geração de empregos. 

Cristina Esteche

Jornalista

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