A Câmara de Vereadores de Guarapuava propôs e a discussão sobre a possibilidade do fechamento, ou não, do comércio aos domingos ganha corpo e deverá ser conclusiva após audiência pública que será realizada e cuja data ainda será definida.
O tema foi levantado há cerca de duas semanas pelo tucano João Napoleão, após receber denúncias de comerciários sobre o não pagamento de horas extras nesses dias, a partir de um banco de horas para compensação durante a semana.
Outro argumento de vereadores, como o petista Antenor Gomes de Lima e Eva Schran, do PHS, avalizado por João Napoleão, é de que famílias estão sendo privadas da presença dos pais pelo trabalho nos finais de semana.
Nos preocupamos com essa ausência que pode comprometer o convívio no tradicional almoço de família aos domingos, a ida à igreja, diz João Napoleão.
Se a preocupação dos vereadores está embasada na possibilidade do enfraquecimento familiar pela ausência do encontro entre pais e filhos, o receio da Associação Comercial e Empresarial de Guarapuava (ACIG) é outro.
Em todo o mundo se fala em como gerar empregos, como estimular a economia diante da crise. Portanto não vem em boa hora discussão sobre algo que, com certeza, vai gerar desemprego, observa o presidente Valdir Grígolo. Ele esteve no gabinete do vereador tucano na tarde de quarta-feira, dia 17.
Segundo Grigolo, se o comércio abre ao domingo, é porque existe demanda, satisfazendo uma necessidade do consumidor. Ainda de acordo com ele, se o argumento é de que o trabalhador é prejudicado porque perde o domingo em troca da folga em dia da semana, trata-se de estudar medidas que bonifiquem esse empregado. A abertura do comércio até as 13 horas, por exemplo, poderia ser uma solução.
Para o diretor para assuntos do SCPC (Sistema Central de Proteção ao Crédito), José Divonsil da Silva, a proibição seria um retrocesso. É lógico que impacta em diminuição de funcionários.
Na opinião de Silva, Guarapuava tem que seguir o exemplo de outras cidades pólo, mantendo comércio, especialmente os mercados, aberto aos domingos. O consumidor está acostumado e prefere que abra aos domingos. Basta ir aos estabelecimentos para ver a quantidade de consumidores.
A questão do banco de horas para compensação em detrimento do pagamento de horas extras, conforme foi levantado por João Napoleão, Grígolo entende que é dever do Sindicato dos Comerciários fiscalizar e interferir nessas questões.
O presidente regional da Asso-ciação Paranaense de Supermercados (APRAS), Daniel Hyczy) é favorável à abertura dos mercados aos domingos. Segundo ele, esse também é o entendimento da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). A abertura movimenta a economia e gera empregos, disse.
Caso ocorra proibição, a estimativa é que será dispensado entre 10% e 15% do quadro de funcionários das lojas que abrem aos domingos. É o segundo ou terceiro melhor dia de faturamento. Isso mostra que o consumidor aprova.
A atividade aos domingos, de acordo com Hyczy, gera empregos indiretos, pois movimenta toda a cidade, já que Guarapuava é pólo na região. São beneficiados restaurantes, lanchonetes, farmácias, postos de gasolina.
A prerrogativa para o funcionamento no fim de semana é que seja respeitada a lei, dando as folgas e compensações aos funcionários. Se alguma empresa não estiver cumprindo, tem órgão competente para fiscalizar e fazer com que se cumpra, afirmou.
O vereador João Napoleão disse que a postura da Mesa Executiva da Câmara é ouvir e debater com a sociedade. Nada será feito de forma irresponsável. Vamos buscar um entendimento entre trabalhadores e a classe patronal, de forma que nada prejudique um lado e outro. A nossa intenção é promover o desenvolvimento de Guarapuava, mas de forma que ninguém seja sacrificado, afirmou.
Foto: João Napoleão e Valdir Gricolo: momento é debate