O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central optou nessa quarta feira (3) por manter os juros básicos da economia brasileira estáveis em 11% ao ano. Foi a terceira manutenção seguida da taxa Selic, que continua no maior patamar desde o fim de 2011.
A decisão de manter o juro estável era esperada pela maior parte dos analistas do mercado financeiro, que prevê a permanência da taxa neste mesmo patamar até março do próximo ano – quando a estimativa é de que seja elevada para 11,5% ao ano.
Ao fim do encontro, o BC divulgou o seguinte comunicado: "Avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 11,00% a.a., sem viés". Em relação ao comunicado anterior, o Copom retirou apenas a expressão "neste momento" – que estava antes da manutenção da Selic.
Os juros básicos da economia foram mantidos em 11% ao ano apesar da retração do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro e segundo trimestres deste ano – quadro que os economistas classificam como "recessão técnica".
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o crescimento da economia.
Pelo sistema de metas de inflação vigente na economia brasileira, o BC tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. Para 2014, 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, mas o IPCA, que serve de referência para o sistema brasileiro, pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
O governo considera que a meta foi cumprida ou não apenas com base no acumulado em 12 meses até dezembro de cada ano. Em doze meses até julho, o IPCA somou 6,50% – no teto do sistema de metas.
"O IPCA está rodando em 6,5% em 12 meses [até julho]. O BC precisa fazer com que essa inflação passe a convergir para o centro da meta, que é 4,5%. O aumento dos juros para segurar demanda por consumo é um remédio um pouco amargo, mas necessário para que inflação convirja para o centro da meta", avaliou o economista da RC Consultores, Marcel Caparoz.