Logo na entrada do Departamento de Merenda Escolar, ali na avenida Manoel Ribas, ao lado do Cartório ‘Carro Quebrado’, o cheiro de comida toma conta do ar. Nada melhor para aguçar o apetite de quem chega por volta das 11h. É ali que cerca de 200 merendeiras da rede municipal de ensino encontram-se em curso.
Para cumprir leis e normativas, essas profissionais precisam de reciclagem. Mas é a troca de experiências que enriquece os cursos, em sistema de rodízio, para que nenhuma escola fique desassistida. Há três meses elas participam de aulas com nutricionistas e com a instrutora do Senac, Maria Inês Graff. De acordo com Andreia Turkot, responsável pelo Departamento, já são três cursos.
Mas o que poucas pessoas sabem é qual receita que move essas merendeiras. Muito mais do que os ingredientes, cuidadosamente selecionados e medidos, há os temperos principais. Merendeira há 26 anos, Ezil Pereira trabalha na Escola Alcindo Pacheco. Com o mesmo tempo de trabalho, Fátima Pereira, está na Escola Capitão Vagner. Ambas dizem que o “amor e o carinho” na hora de elaborar a comida fazem diferença. “Temos crianças que têm necessidades diferentes. Então adaptamos o cardápio, mas todos comem a mesma comida”.
De acordo com o secretário de Educação, Pablo de Almeida, o cardápio é um só, mas com variações.
Não podemos fugir do cardápio porque trabalhamos com alimentação inclusiva. Nosso alunos precisam estar bem alimentados porque com a barriga vazia não há quem aprenda. E agora o nosso desafio é reduzir as sobras, evitando o desperdício.
Irene Batista Rosário, que cozinha na Escola Dirce Jaeger, sabe muito bem como precisa ter criatividade, mas acima de tudo, solidariedade e empatia.
Eu faço três cardápios diferentes. Um deles tenho que bater no liquidificador porque o aluno não consegue engolir. É só pra ele sentir o gosto da comida porque se alimenta por sonda. Choro quase todos os dias, porque ele tem muita vontade de comer.
Já Reini Stavinski atua na Apae Rural e compartilha a mesma experiência. E para quem trabalha nas unidades de educação infantil o desafio é ainda maior. É que, conforme as merendeiras, há restrições do açúcar. E muito mais do que isso. De acordo com a instrutora, é preciso substituir o açúcar com os ingredientes disponíveis no estoque. “Fazemos um mel com uvas passas; usamos banana; suco de frutas. Tudo fica muito gostoso”.
ESTRUTURA
Com equipamentos e utensílios novos, os espaços adequados, as merendeiras começam a elaborar as refeições às 7h30. Afinal, segundo elas, muitas crianças chegam em jejum. Outras vão à escola somente por causa das refeições.
A comida é o principal atrativo, pois para muitos é a única refeição do dia. Mas é nas segundas que a avidez por comida fala mais alto.
De acordo com Irene, os alunos “chegam loucos pra comer. Batem no vidro pedindo e sempre temos chá com pão para oferecer”.
Conforme Andreia Turkot, a rede municipal conta com 18 mil alunos. O número de refeições oscila conforme a frequência. Mas nas quatro escolas integrais a média diária é de mil refeições por dia em cada uma delas.
Leia outras notícias no Portal RSN.