22/08/2023


Educação Guarapuava

Curso recicla merendeiras para elaboração de cardápio inclusivo

Cardápio precisa ter os mesmos ingredientes, mas com variações de acordo com as necessidades do alunos. Nas creches, há restrição de açúcar

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Curso de merendeiras (Foto: Marcia Calixto)

Logo na entrada do Departamento de Merenda Escolar, ali na avenida Manoel Ribas, ao lado do Cartório ‘Carro Quebrado’, o cheiro de comida toma conta do ar. Nada melhor para aguçar o apetite de quem chega por volta das 11h. É ali que cerca de 200 merendeiras da rede municipal de ensino encontram-se em curso.

Para cumprir leis e normativas, essas profissionais precisam de reciclagem. Mas é a troca de experiências que enriquece os cursos, em sistema de rodízio, para que nenhuma escola fique desassistida. Há três meses elas participam de aulas com nutricionistas e com a instrutora do Senac, Maria Inês Graff. De acordo com Andreia Turkot, responsável pelo Departamento, já são três cursos.

Mas o que poucas pessoas sabem é qual receita que move essas merendeiras. Muito mais do que os ingredientes, cuidadosamente selecionados e medidos, há os temperos principais. Merendeira há 26 anos, Ezil Pereira trabalha na Escola Alcindo Pacheco. Com o mesmo tempo de trabalho, Fátima Pereira, está na Escola Capitão Vagner. Ambas dizem que o “amor e o carinho” na hora de elaborar a comida fazem diferença. “Temos crianças que têm necessidades diferentes. Então adaptamos o cardápio, mas todos comem a mesma comida”.

Um dos cardápios elaborados no curso (Foto: Marcia Calixto)

De acordo com o secretário de Educação, Pablo de Almeida, o cardápio é um só, mas com variações.

Não podemos fugir do cardápio porque trabalhamos com alimentação inclusiva. Nosso alunos precisam estar bem alimentados porque com a barriga vazia não há quem aprenda. E agora o nosso desafio é reduzir as sobras, evitando o desperdício.

Irene Batista Rosário, que cozinha na Escola Dirce Jaeger, sabe muito bem como precisa ter criatividade, mas acima de tudo, solidariedade e empatia.

Eu faço três cardápios diferentes. Um deles tenho que bater no liquidificador porque o aluno não consegue engolir. É só pra ele sentir o gosto da comida porque se alimenta por sonda. Choro quase todos os dias, porque ele tem muita vontade de comer.

Já Reini Stavinski atua na Apae Rural e compartilha a mesma experiência. E para quem trabalha nas unidades de educação infantil o desafio é ainda maior. É que, conforme as merendeiras, há restrições do açúcar. E muito mais do que isso. De acordo com a instrutora, é preciso substituir o açúcar com os ingredientes disponíveis no estoque. “Fazemos um mel com uvas passas; usamos banana; suco de frutas. Tudo fica muito gostoso”.

Parte das merendeiras em curso (Foto: Marcia Calixto)

ESTRUTURA

Com equipamentos e utensílios novos, os espaços adequados, as merendeiras começam a elaborar as refeições às 7h30. Afinal, segundo elas, muitas crianças chegam em jejum. Outras vão à escola somente por causa das refeições.

A comida é o principal atrativo, pois para muitos é a única refeição do dia. Mas é nas segundas que a avidez por comida fala mais alto.

De acordo com Irene, os alunos “chegam loucos pra comer. Batem no vidro pedindo e sempre temos chá com pão para oferecer”.

Merendeiras (Foto: Marcia Calixto)

Conforme Andreia Turkot, a rede municipal conta com 18 mil alunos. O número de refeições oscila conforme a frequência. Mas nas quatro escolas integrais a média diária é de mil refeições por dia em cada uma delas.

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Cristina Esteche

Jornalista

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