22/08/2023
Guarapuava

Dal Pozzo não se manifesta sobre denúncia do MPT

MPT sugere a ocorrência de práticas discriminatórias às mulheres durante os processos de contratação da empresa

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O proprietário da rede de supermercados Dal Pozzo, José Ari Dal Pozzo, não quis se manifestar sobre a ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) de Guarapuava contra sua empresa. No caso, o MPT sugere a ocorrência de práticas discriminatórias às mulheres, durante os processos de contratação para os serviços do estabelecimento.

O protocolo da ação junto a Justiça do Trabalho foi noticiado com exclusividade pelo Portal RSN na última sexta feira (20).

O PROCESSO

O inquérito civil foi instaurado pelo MPT do município em julho de 2017 e verificou a adoção de práticas discriminatórias contra as mulheres que participam dos processos seletivos da empresa. Embora participassem de todas as fases de avaliação, a investigação aponta que o intuito da empresa era realizar apenas contratações de homens para os serviços da rede de supermercados.

Na tarde desta segunda feira (23), o Portal RSN teve acesso, com exclusividade, ao pedido completo da ação de autoria do procurador do trabalho Lincoln Roberto Nobrega Cordeiro. No documento, a conduta do estabelecimento é reiterada como discriminatória, a partir da coleta de depoimentos que confirmam o fato da participação feminina em todas as etapas de contratação.

“Ou seja, a mulher, necessitada do emprego, comparece ao supermercado com a esperança da contratação, participa de toda a seleção, mas, por melhor que sejam suas qualidades terá qualquer chance, visto que a demandada não quer mais mulheres nos seus quadros. Para a demandada o que define a qualidade do trabalhador é o seu sexo. O que lhe interessa é o fato dos cromossomos sexuais do candidato serem XY”.

O CONSELHO

O Conselho Municipal da Mulher de Guarapuava, que trabalha na implementação de políticas públicas para as mulheres em diversos segmentos, foi contatado pelo Portal RSN. De acordo com a presidente da entidade, Adriele Andreia Inácio, o Conselho está acompanhando o caso.

“Nós trabalhamos para fortalecer e garantir o acesso aos direitos das mulheres, seja no ambiente público, seja no meio privado. Buscamos a inserção delas em diferentes segmentos seja no envolvimento político, nos movimentos sociais ou no mercado de trabalho. Assim, o caso protocolado pelo MPT necessita nosso acompanhamento, de modo crucial”.

Além do cargo de presidente do Conselho, Adriele é também representante do Conselho Regional de Serviço Social (Nucres) e assistente social da Defensoria Pública. Com propriedade, a profissional reitera a importância fundamental das mulheres estarem inseridas no mercado de trabalho.

“Essa inserção se torna importante na consolidação da emancipação econômica e na autonomia feminina. Hoje é essa possibilidade que consegue firmar mulheres em posições de liderança dentro de suas próprias casas e também em cargos sociais. É essa inserção e autonomia que possibilita que muitas mulheres superem situações de violência. Tirá-las desse espaço propaga o ciclo da violência contra a mulher”.

Cristina Esteche

Jornalista

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