22/08/2023
Educação Guarapuava

‘Dia do Diferente’ mobiliza alunos do Colégio Fera

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Jonas Laskouski

Guarapuava – Ser diferente é ter coragem. É dar a cara a tapa, e saber que o tapa vem. Uma hora ou outra, vem. Intolerante, preconceituoso, cruel. É a risadinha, o olhar discriminatório, a desaprovação, a ofensa, o xingamento, o apelido maldoso, um tapa mesmo, uma lâmpada acertando sua cara, pedras, espancamento. E pode vir de qualquer lado. De dentro de casa, na sala de aula, de um estranho, de quem você menos espera, de uma sociedade muitas vezes hipócrita. É isso? Infelizmente, também.

O que a parte da sociedade que não aceita a diferença e esses (possíveis) agressores precisam, de uma vez por todas (lá vamos nós de novo!), entender, é que ser diferente é normal. Todos temos o direito de ser diferente, de não caminhar com o rebanho. E é justamente essa a ideia que o Colégio Fera, em Guarapuava, lança todo ano, já há 11 anos. Opa, deixa eu me corrigir. Ideia não, ação. Nesta quinta (11) foi mais um dia diferente: o ‘Dia do Diferente’.

“Discurso sem ação se torna vazio, se torna pesado, se torna indiferente. O Fera tem o ‘Dia do Diferente’ com essa atitude, com essa perspectiva: levar ações práticas. Falar do bullying é muito legal, mas trabalhar o anti-bullying o ano todo, promover que você é diferente, a aceitação da diferença – toda e qualquer tipo de diferença – tem que ser nas atitudes. E a escola não pode mais ficar indiferente a tudo isso”, conta Silvia Monzillo, diretora do Fera, na foto com a pequena Isabela e Fernanda Mérida Sene, coordenadora pedagógica e mantenedora do colégio, que também fala sobre a ação do Fera.

“Nós não somos uma sociedade fechada, e quando eu me escandalizo, quando eu ainda me indigno por não aceitar o meu próximo como ele é, nós estamos trabalhando apenas discursos sem ação. O fato de nos caracterizarmos, sairmos às ruas com vergonha de ser diferente um dia, nos leva a pensar o quanto a pessoa que não pensa como eu, não age como eu, não se veste como eu, sofre o preconceito, o bullying, a falta de aceitação. O projeto tem esse objetivo: transformar em ação, o discurso que promove a tolerância, o não ao bullying e a diversidade, sempre”, completa Silvia.

E foi exatamente o que aconteceu na manhã desta quinta, quando os feras do Fera – alunos das turmas do Médio – saíram às ruas do Centro de Guarapuava, para manifestarem suas diferenças. Nas faixas, alertas e incentivos como ‘Sim à dignidade’, ‘Não ao bullying’, dentre outras. Nas roupas, criatividade e atitude, dando espaço para os olhares curiosos dos pedestres. Stephany Keenan, de 16 anos e cursando o Terceirão, convive bem com as diferenças.

Além da Stephany, registramos a diferença de mais alguns alunos. Afinal, diferentes ou normais, somos todos iguais, 😉

Cristina Esteche

Jornalista

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