22/08/2023
Cotidiano

Diálogo é a base de projeto que recupera envolvidos com drogas ilícitas em Guarapuava

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*O nome do entrevistado nesta matéria é fictício para preservar a sua imagem

“Sejam bem vindos, sintam-se acolhidos e abraçados”. Essa foi a frase da psicóloga Edina Agner para iniciar a comemoração de dois anos de atuação e prática do programa Psicologia de Apoio ao Juizado Especial Criminal e Conselho da Comunidade (PAJECC), autora e responsável pelo projeto que já atendeu mais de 160 pessoas que tiveram ligação com drogas ilícitas. 

O projeto é uma das ações do Conselho da Comunidade de Guarapuava na participação da campanha de políticas sobre drogas, com objetivo de corroborar na prevenção da reincidência criminal pautado na ética, no respeito às diferenças e na ordem social.  “Os serviços comunitários descompensam o indivíduo, retiram a sua autoestima. 99% das pessoas que vem aqui e tem serviços comunitários para cumprir pedem a substituição dos serviços pela reunião no projeto. Eu acredito no trabalho da conversa com o ser humano”.

O encaminhamento das pessoas que são pegas por venda ou consumo de substâncias psicoativas e ilícitas é feito pelos Juizados Especiais e Criminais. Nos encontros do projeto, realizados todas as quartas no Juizado e quintas-feiras no Edifício Nossa Senhora de Belém, os beneficiários passam por trabalhos e dinâmicas de conscientização. “O objetivo é acolher a demanda sobre usuários e vendedores de drogas ilícitas sob um novo olhar e intervenção do judiciário, e não somente a aplicação punitiva. Assim, acredita-se que podemos proporcionar ajuda e métodos para construção do sujeito em questões de conhecimento, reinserção social, despertar a motivação e fortalecimentos de vínculos familiares,”.

Douglas Mourão*, um dos 50 participantes ativos do projeto, começou a participar das reuniões quando foi pego na XV de Novembro com maconha. Com 22 anos na época, ele era usuário e revendedor da droga. “Eles me pegaram porque eu estava com som alto na rua e pararam para me revistar. Mas, antes disso, umas pessoas já tinham me denunciado no lugar que eu morava”. No início, Douglas conta que não queria participar das reuniões. Porém, com o tempo e com conversas com Edina, percebeu o seu problema com drogas e outros casos e recebeu o encaminhamento devido. “Eu fui encaminhado para um psiquiatra e foi quando eu finalmente percebei a diferença entre maconha medicinal e maconha comum. Para mim, quando eu fumava, só estava me fazendo bem, mas não é assim”.

Entre as ações desenvolvidas pelo PAJECC estão grupo terapêutico, acompanhamento com familiares, visitas domiciliares, atendimento individual, encaminhamento para mercado de trabalho e outros.

As ações efetivas do projeto pioneiro no Paraná chamaram a atenção do Ministério Público em Curitiba, que está voltando as atenções para o PAJEEC visando a implantação de grupos semelhantes em todo o estado. “O Ministério Público está tendo um novo olhar sobre essa questão, e isso só ajuda as pessoas que passam por este tipo de problema”, explica Edina. 

Cristina Esteche

Jornalista

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